
Qingdao — InkDesign News — Cientistas do Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências revelaram, em estudo publicado em 2025, uma estratégia inédita de sobrevivência do verme Paralvinella hessleri, descoberto em fontes hidrotermais tóxicas do Oceano Pacífico. A pesquisa descreve como a espécie transforma substâncias venenosas em defesa, estabelecendo um novo paradigma para a biologia de ambientes extremos.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisadores há décadas buscam compreender como organismos conseguem colonizar ambientes extremos, como os arredores das fontes hidrotermais profundas, marcadas por calor intenso e alta concentração de metais tóxicos. O grupo Alvinellidae, ao qual pertence o P. hessleri, é conhecido por sobreviver em condições que destruiriam a maioria das formas de vida. No entanto, até então, não havia registro de um animal capaz de suportar, e até prosperar, em zonas de acidez elevada e ricas em metais pesados como as encontradas em locais como o Trough de Okinawa e a Bacia Marino-Back-Arc.
Resultados e Metodologia
O estudo, publicado na PLOS Biology, detalha como o P. hessleri armazena arsênio em células da epiderme, onde o elemento reage com sulfeto das fontes para formar orpimento — um mineral amarelo-alaranjado menos tóxico. Essa solução transforma uma ameaça letal em escudo biológico, permitindo que o verme suporte temperaturas próximas a 320°C e acumule arsênio até compor quase 1% de seu peso corporal. A espécie habita tubos protetores aderidos às chaminés das fontes, atingindo até 22 milímetros de comprimento.
Os vermes amarelos brilhantes de Paralvinella hessleri eram diferentes de tudo que eu já tinha visto, destacando-se nitidamente contra o biofilme branco e o cenário escuro das fontes hidrotermais.
(“The bright yellow Paralvinella hessleri worms were unlike anything I had ever seen, standing out vividly against the white biofilm and dark hydrothermal vent landscape.”)— Hao Wang, Pesquisador, Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências
A equipe utilizou veículos operados remotamente para coletar espécimes e analisar tanto a composição química dos tecidos quanto a natureza mineral dos depósitos epidérmicos, relacionando-os com a sobrevivência em ambientes hostis.
Implicações e Próximos Passos
A estratégia de “lutar veneno com veneno” demonstrada por P. hessleri abre perspectivas para a biotecnologia, especialmente para a remediação ambiental e estudos sobre resistência a metais pesados. Além disso, aprofunda o entendimento sobre adaptações evolutivas em ecossistemas extremos. Segundo os autores, futuros trabalhos deverão investigar o potencial de aplicação dos mecanismos moleculares identificados e explorar se outras espécies desenvolveram soluções semelhantes.
Foi difícil acreditar que algum animal pudesse sobreviver, quanto mais prosperar, em ambiente tão extremo e tóxico.
(“It was hard to believe that any animal could survive, let alone thrive, in such an extreme and toxic environment.”)— Hao Wang, Pesquisador, Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências
A descoberta reforça o valor da exploração de habitats extremos para o avanço da ciência e da inovação biomédica, estimulando pesquisas que possam transformar desafios ambientais em oportunidades tecnológicas para o futuro.
Fonte: (Live Science – Ciência)