
Dallas — InkDesign News — Uma nova pesquisa apresentada nas Sessões Científicas de Hipertensão de 2025 da American Heart Association revela que menos de 6% dos adultos nos Estados Unidos utilizam substitutos do sal, mesmo entre pessoas com pressão alta — condição que afeta quase metade da população adulta do país. O estudo analisou quase duas décadas de dados nacionais para compreender o uso desses produtos no manejo da hipertensão.
O Contexto da Pesquisa
O consumo excessivo de sódio e a ingestão insuficiente de potássio estão entre os principais fatores de risco para pressão alta, causa de mais de 130 mil mortes no território norte-americano somente em 2020. Embora os substitutos do sal, compostos parcialmente ou totalmente por potássio, sejam acessíveis e eficazes para reduzir a ingestão de sódio, sua adoção permanece limitada nos Estados Unidos.
As diretrizes da American Heart Association recomendam um consumo máximo de 2.300 mg de sódio ao dia, com limite ideal inferior a 1.500 mg para adultos hipertensos — metas raramente atingidas. O estudo utilizou dados da National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) de 2003 a 2020 para avaliar padrões de uso desses produtos em diferentes grupos populacionais.
Resultados e Metodologia
Foram analisados dados de 37.080 adultos, categorizados conforme níveis pressóricos e uso de medicamentos anti-hipertensivos. O uso de substitutos do sal entre a população geral atingiu o pico de 5,4% em 2013-2014, mas caiu para 2,5% até março de 2020, quando a coleta de dados foi interrompida pela pandemia. Entre adultos elegíveis ao uso — com função renal normal e sem medicações que alteram o potássio no sangue — a adesão variou entre 2,3% e 5,1%.
As taxas de uso foram maiores entre pessoas com hipertensão controlada por medicação (3,6%-10,5%) e entre aqueles cuja pressão continuava alta apesar do tratamento (3,7%-7,4%). Entre os que não faziam tratamento ou apresentavam pressão normal, o índice permaneceu abaixo de 5,6%.
“Overall, less than 6% of all U.S. adults use salt substitutes, even though they are inexpensive and can be an effective strategy to help people control blood pressure, especially people with difficult-to-treat high blood pressure.”
(“No geral, menos de 6% de todos os adultos dos EUA usam substitutos do sal, mesmo sendo alternativas acessíveis e eficazes para o controle da pressão, especialmente em casos de difícil manejo.”)— Yinying Wei, doutoranda em pesquisa clínica aplicada, UT Southwestern Medical Center, Dallas
A pesquisa também considerou a influência da frequência de refeições fora de casa, mas, após ajustes sociodemográficos, as diferenças não foram estatisticamente significantes. Os autores ressaltam limitações, como possível subnotificação devido ao autorrelato e impossibilidade de diferenciar tipos específicos de substitutos do sal.
Implicações e Próximos Passos
Especialistas apontam que o baixo uso de substitutos do sal representa uma oportunidade pouco explorada para o controle da hipertensão.
“This study highlights an important and easy missed opportunity to improve blood pressure in the U.S. — the use of salt substitutes.”
(“Este estudo evidencia uma oportunidade importante e subaproveitada para melhorar o controle da pressão nos EUA — o uso de substitutos do sal.”)— Amit Khera, professor e diretor de cardiologia preventiva, UT Southwestern Medical Center, Dallas
A equipe sugere maior conscientização sobre a segurança e eficácia desses produtos para pacientes e profissionais da saúde, sobretudo entre pacientes com hipertensão resistente ao tratamento tradicional. Como parte dos próximos passos, os cientistas recomendam investigar barreiras ao uso como aceitação de sabor, custos e nível de informação no ponto de atendimento.
O avanço da pesquisa depende de novos estudos que avaliem os motivos da baixa adesão e estratégias para ampliar o conhecimento e uso dos substitutos do sal na população.
O cenário sugere que aumentar a discussão sobre alternativas ao sal tradicional em consultas médicas pode ser uma medida de grande impacto para a saúde pública nos próximos anos.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)