
Williamsburg — InkDesign News — Uma nova pesquisa liderada pela Escola Batten de Ciências Costeiras & Marinhas e pelo Instituto de Ciências Marinhas da Virgínia (VIMS), da Universidade William & Mary, revela que vermes parasitas que devoram ovos podem funcionar como biomarcadores valiosos para a gestão da pesca de caranguejos-azuis na Baía de Chesapeake. O estudo, publicado neste mês na revista PLOS One, sugere avanços para equilibrar interesses econômicos e ecológicos na região após o registro das menores populações históricas da espécie.
O Contexto da Pesquisa
Os caranguejos-azuis são um dos pilares econômicos e recreativos da Baía de Chesapeake. Pesquisadores vêm buscando novas ferramentas para avaliar a reprodução das fêmeas, diante da dificuldade em determinar quantas vezes os animais desovam ao longo da vida. O verme Carcinonemertes carcinophila, observado sobre as massas ovígeras das fêmeas, não reduz drasticamente a produção de ovos, mas pode indicar se uma carangueja já desovou — um dado chave para a gestão sustentável da espécie.
Estudos anteriores apontavam que a sobrevivência desses parasitas dependeria da salinidade: outros nemertídeos semelhantes não resistem abaixo de 20 partes por mil de sal (psu), um limiar facilmente ultrapassado nos afluentes da Baía e em períodos chuvosos.
Resultados e Metodologia
A equipe, sob coordenação do Professor Jeffrey Shields, expôs os vermes coletados a diversas faixas de salinidade, de ambientes típicos da Baía de Chesapeake.
“Outras espécies de Carcinonemertes não sobrevivem em salinidade abaixo de 20 por mil, comum nos afluentes da Baía. Descobrimos que este verme é muito mais resistente.”
(“Other species of Carcinonemertes cannot survive in salinity levels below 20 parts per thousand, which is a common occurrence in the Bay’s tributaries and during high-precipitation events. We found this worm to be much tougher than other species.”)— Jeffrey Shields, Professor, Escola Batten & VIMS
Segundo a pesquisa, os parasitas se mantêm ativos em salinidade de 10 psu e toleram, por períodos de até 39 horas, níveis até cinco vezes menores, indicando ampla adaptabilidade. A resistência dos vermes foi observada em todas as etapas do ciclo migratório das fêmeas, das zonas de baixa salinidade, onde começam suas migrações, até águas mais salinas, onde desovam.
Sob orientação de Shields, a doutoranda Alex Schneider e o estudante Alex Pomroy ainda verificaram que:
“Os vermes têm alta tolerância à salinidade e sobrevivem bem nos locais onde as caranguejas iniciam suas migrações. Isso confirma seu potencial como biomarcadores reprodutivos.”
(“We found that the worms had a wide salinity tolerance, and that they survived well at the lower salinities representative of where crabs might begin their migrations. This means that the worms are likely to infest crabs throughout their adult lives, confirming their potential as biomarkers for reproduction.”)— Alex Pomroy, Autor principal, William & Mary
Implicações e Próximos Passos
A distinção entre caranguejas primíparas (que desovam pela primeira vez) e multíparas (que já produziram múltiplas desovas) ganha importância, pois a fecundidade é maior no primeiro ciclo, como confirmaram Schneider e colaboradores. A presença e coloração dos vermes poderiam contar a “história viva” reprodutiva das fêmeas, guiando medidas de proteção às mais produtivas — informação valiosa para modelos pesqueiros e políticas públicas.
O Instituto de Ciências Marinhas da Virgínia pretende ampliar o uso desses biomarcadores em seus levantamentos anuais e compartilhar resultados com órgãos gestores, visando aprimorar o equilíbrio entre exploração e conservação do caranguejo-azul.
Novos desdobramentos exigem aprofundar o conhecimento sobre a ecologia reprodutiva do animal e expandir parcerias institucionais, consolidando os biomarcadores como instrumentos estratégicos para a política pesqueira da Baía de Chesapeake e potencialmente outras regiões.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)