EUA e China iniciam negociação para conter guerra comercial e limitar impacto no mercado

Genebra — InkDesign News — Autoridades comerciais dos Estados Unidos e da China se reunirão esta semana em Genebra, Suíça, na primeira negociação presencial desde o agravamento da guerra comercial, buscando desescalar tensões que já pressionam inflação, juros e o crescimento do PIB global.
Panorama econômico
O embate tarifário entre Estados Unidos e China é o ponto central do atual cenário econômico internacional. Desde março, quando começaram a vigorar tarifas retaliatórias, o comércio bilateral sofreu um impacto severo, com barreiras alcançando níveis históricos — 145% dos EUA sobre produtos chineses e 125% da China sobre importações americanas. A escalada afetou diretamente a política fiscal e monetária dos países envolvidos. Enquanto os EUA registraram sua primeira contração econômica em três anos no primeiro trimestre, a China viu seu ritmo fabril cair ao maior nível em 16 meses, aumentando a pressão para estímulos econômicos. O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, enfatizou que “isso será sobre desescalada, não sobre o grande acordo comercial… mas precisamos desescalar antes de podermos avançar” (“this will be about de-escalation, not about the big trade deal… but we need to de-escalate before we can move forward”).
Indicadores e análises
Os efeitos econômicos são evidentes nos números de comércio e atividade industrial. O número de navios de carga da China para os EUA caiu 60% em abril, segundo a corretora Flexport, com projeção de até 80% de queda nas importações chinesas nos EUA até o segundo semestre, conforme estimativa do JPMorgan. No Porto de Los Angeles, o volume de cargas experimenta queda de 35% frente ao ano anterior, com cancelamento de cerca de 20% das viagens previstas para maio. Ryan Petersen, CEO da Flexport, adverte que “é apenas uma questão de tempo até que esgotem o estoque existente, e então veremos escassez. E é aí que veremos aumentos de preços” (“it is only a matter of time until existing stock runs out, and then we will see shortages. And that is when we will see price increases”).
Impactos e previsões
A combinação de tarifas elevadas e retaliações tem gerado um ambiente de incerteza para empresas e consumidores, elevando custos e restringindo oferta. A desaceleração nas cadeias produtivas afeta não apenas Estados Unidos e China, mas repercute na economia global, conforme alertas do FMI, OCDE e Banco Mundial. Espera-se uma retração no crescimento global e pressões inflacionárias, com analistas americanos projetando possível recessão nacional ainda em 2024. Scott Bessent afirmou que a normalização do comércio pode levar “de dois a três anos”. (“two to three years”) Apesar das resistências, o início das negociações presenciais em Genebra são consideradas um passo fundamental para evitar agravamento dos danos econômicos e buscar um processo gradual de descongelamento.
Nos próximos dias, a atenção do mercado e governos estará voltada para os desdobramentos das conversas entre Bessent, o Representante Comercial dos EUA Jamieson Greer e seus pares chineses. A possibilidade de futuras reduções tarifárias, ainda que graduais, permanece como principal expectativa para aliviar as pressões inflacionárias e restaurar o comércio bilateral.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)