Bologna — InkDesign News — Pesquisadores de diferentes partes do mundo foram reconhecidos no 35º Prêmio Ig Nobel, uma cerimônia que destacou estudos científicos inusitados, de lagartos comendo pizza a vacas vestidas de zebra, em setembro de 2025. Os resultados enfatizam como abordagens inusitadas podem inspirar discussões cruciais sobre ciência, nutrição e comportamento animal.
O Contexto da Pesquisa
Criado para “honrar conquistas tão surpreendentes que fazem rir e depois pensar”, o Prêmio Ig Nobel é realizado anualmente semanas antes do anúncio dos nobéis tradicionais. A edição de 2025 reuniu cientistas de diversas instituições, como a Universidade de Bologna, a Shiv Nadar University, e centros de pesquisa da Itália, Japão e Estados Unidos, com o objetivo de estimular curiosidade científica sobre questões cotidianas e comportamentos insólitos.
Pesquisas anteriores sobre preferências alimentares dos animais, física de alimentos e metodologias para controle de vetores em fazendas serviram de base para os estudos laureados este ano. A premiação busca despertar um olhar crítico sobre práticas científicas pouco convencionais e como elas podem solucionar problemas práticos ou abrir novas frentes de investigação.
Resultados e Metodologia
Em um resort na Itália, o grupo formado por Daniele Dendi, Gabriel H. Segniagbeto, Roger Meek e Luca Luiselli conduziu um experimento com lagartos arco-íris, observando sua escolha entre diferentes tipos de pizzas. Os répteis priorizaram a pizza de quatro queijos sobre outras variedades, possivelmente devido a maior facilidade de digestão ou atratividade dos componentes.
Já Giacomo Bartolucci e equipe, também da Itália, abordaram os mecanismos físicos na preparação do prato cacio e pepe. Usando análise experimental e recomendações químicas, concluíram que o uso moderado de amido de milho pode evitar a formação de grumos indesejados no molho, tradicionalmente preparado na região do Lácio.
Outro destaque foi o estudo japonês coordenado por Tomoki Kojima, que pintou vacas com listras semelhantes a zebras para analisar a incidência de picadas de mosca em fazendas. Os resultados indicaram redução significativa nas picadas:
A aplicação de listras provocou uma queda mensurável da presença dos insetos.
(“The application of the stripes caused a measurable decrease in the presence of insects.”)— Tomoki Kojima, Pesquisador, Universidade de Kyoto
No campo comportamental, pesquisadores estudaram o consumo de álcool por morcegos frugívoros egípcios. O estudo demonstrou que, após ingestão de frutas fermentadas, os animais apresentaram desempenho reduzido no voo e na ecolocalização:
Nosso experimento confirmou impactos negativos, semelhantes à fala arrastada em humanos.
(“Our experiment confirmed negative impacts comparable to slurred speech in humans.”)— Francisco Sánchez, Biólogo, Universidade de Tel Aviv
Em nutrição, Rotem Naftalovich testou o polietrafluoretileno (Teflon) como agente para aumentar volume alimentar sem elevar calorias, embora ressalte-se que a abordagem permanece experimental e não recomendada ao público.
Implicações e Próximos Passos
Os resultados têm potencial para influenciar desde práticas agrícolas, com a redução de uso de pesticidas em fazendas, até técnicas culinárias mais eficientes e reprodutíveis em escala doméstica ou industrial. As descobertas relativas ao comportamento animal e percepção alimentar sugerem novos estudos comparativos e aplicações em nutrição e bem-estar.
Pesquisas envolvendo Teflon suscitam debates bioéticos e regulatórios sobre aditivos alimentares. Já os estudos sobre odores em sapatos e higienização com luz ultravioleta avançam propostas inovadoras para bem-estar em ambientes coletivos.
Especialistas preveem que as inquietações levantadas pelos Ig Nobel continuarão a pautar investigações multidisciplinares, especialmente quando abordam questões negligenciadas pela pesquisa tradicional.
O fortalecimento de abordagens experimentais não convencionais e a transparência na divulgação de métodos deverão consolidar a relevância do prêmio como estímulo à originalidade científica e ao interesse público na pesquisa.
Fonte: (Popular Science – Ciência)
