
Atlanta — InkDesign News — Um influente comitê consultivo de vacinas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), reorganizado recentemente pelo secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., reúne-se nesta quinta e sexta-feira (18 e 19 de setembro) para revisar possíveis mudanças no calendário de vacinação infantil. Especialistas alertam que alterações propostas podem comprometer a saúde das crianças americanas.
O Contexto da Pesquisa
As discussões no Comitê Consultivo em Práticas de Imunização (ACIP) concentram-se na vacina contra hepatite B — atualmente recomendada para administração ao nascer — e na MMRV, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, aplicada entre 12 e 15 meses de vida. Ambos os imunizantes são recomendados há décadas e considerados eficientes na prevenção de infecções graves. Conforme o professor de medicina preventiva William Schaffner, que tem longa atuação junto ao ACIP, “É brilhantemente bem-sucedido” (“It’s brilliantly successful”) — William Schaffner, Professor, Universidade Vanderbilt.
Apesar disso, o novo grupo nomeado por Kennedy Jr., conhecido por seu histórico de críticas à vacinação universal, despertou preocupação no meio científico e entre antigos membros da comissão quanto à motivação para mudanças repentinamente pautadas sem respaldo em evidências recentes.
Resultados e Metodologia
Segundo dados do CDC, a vacinação universal de recém-nascidos contra hepatite B levou a uma drástica queda nos casos da doença entre crianças: de cerca de 18.000 infecções anuais antes da introdução da vacina, esse número diminuiu para menos de 0,1 por 100.000. “O lado negativo disso é mínimo ou nenhum” (“The downside of this is minimal to none”) — Michelle Barron, Diretora Médica Sênior, UCHealth Colorado.
Ainda assim, especula-se que a nova composição do ACIP considere adiar a primeira dose da hepatite B para os quatro anos de idade, argumentando monitoramento materno mais rigoroso. Especialistas rebatem, afirmando que identificar e vacinar somente crianças de mães sabidamente infectadas não funcionou no passado, deixando brechas de transmissão.
Em relação à MMRV, a análise do risco de convulsões febris — reconhecidamente mais frequente com a vacina combinada do que com doses separadas — já orientava, desde estudos anteriores, a preferência pela aplicação separada em crianças menores de quatro anos. O comitê, porém, permitia a escolha informada dos pais, considerando riscos e benefícios.
Implicações e Próximos Passos
A preocupação central dos especialistas reside na possível redução das coberturas vacinais e na reemergência de doenças antes controladas. A associação americana de pediatria, em relatório de 2017, reafirmou a inexistência de vínculo causal entre a vacina da hepatite B e quadros como septicemia neonatal, doenças autoimunes e outras condições graves. “Tudo isso é ruído externo para gerar ceticismo e causar alarme em torno das vacinas em geral” (“All of this is external noise to cause skepticism and to cause alarm around vaccines in general”) — Michelle Barron, Diretora Médica Sênior, UCHealth Colorado.
O debate ocorre em contexto político sensível, com seguradoras privadas assegurando cobertura dos imunizantes recomendados até ao menos o final de 2026. No entanto, metade das crianças americanas depende do programa federal Vaccines for Children, cujo calendário segue rigorosamente as orientações do ACIP. Isso coloca em risco o acesso às vacinas para populações vulneráveis.
Diante das incertezas, pesquisadores e sociedade médica defendem o rigor na avaliação de novas evidências, manutenção de sistemas robustos de monitoramento de segurança e comunicação clara à população para evitar retrocessos no controle de doenças imunopreveníveis.
Fonte: Live Science – Ciência