
São Paulo — InkDesign News —
A aplicação de machine learning em contextos jurídicos apresenta avanços significativos, destacando-se uma nova pesquisa da Universidade de Surrey, que desenvolveu um sistema de inteligência artificial para transcrever audiências da Suprema Corte do Reino Unido.
Contexto da pesquisa
A pesquisa evidencia que milhões de palavras proferidas na Suprema Corte do Reino Unido correm o risco de serem mal interpretadas ou simplesmente ignoradas, devido à dificuldade e ao custo elevado das transcrições tradicionais. Com mais de 449 mil casos tramitando anualmente, as gravações ainda são subutilizadas. Ferramentas de reconhecimento de voz convencionais enfrentam desafios com a terminologia jurídica, frequentemente errando terminologias específicas.
Método proposto
Os pesquisadores desenvolveram um sistema de reconhecimento de fala customizado, treinado com 139 horas de audiências da Suprema Corte e documentos legais. Ao ajustar o modelo com vocabulário especializado e a etiqueta do tribunal, conseguiram reduzir os erros de transcrição em até 9% em comparação com as ferramentas comerciais existentes. A abordagem envolve técnicas de aprendizado supervisionado e processamento de linguagem natural (NLP).
“Nosso sistema constrói uma ponte entre a linguagem técnica dos tribunais e a acessibilidade para o público em geral.”
(“Our courts deal with some of the most important questions in society. Yet the way we record and access those hearings is stuck in the past.”)— Constantin Orăsan, Professor de Tecnologias de Linguagem e Tradução, Universidade de Surrey
Resultados e impacto
Os testes indicaram que o sistema poderia vincular parágrafos de decisões judiciais com um timestamp preciso dos vídeos correspondentes, apresentando uma pontuação F1 de 0,85. Este índice mede a precisão e a recuperação dos resultados, onde a pontuação 1 representa desempenho perfeito. A pesquisa também revelou que especialistas legais conseguem validar 220 links em apenas três horas quando apoiados pela ferramenta, em contraste com as 15 horas necessárias sem a assistência da IA.
“Estamos entusiasmados com o potencial de transformar a forma como o público e os profissionais do Direito acessam a justiça.”
(“By tailoring AI to the unique language of British courtrooms, we’ve built a tool that makes justice more transparent and accessible.”)— Constantin Orăsan, Professor de Tecnologias de Linguagem e Tradução, Universidade de Surrey
As aplicações práticas incluem melhorias na preparação de casos e na formação acadêmica, além de permitir que o público em geral compreenda melhor as decisões judiciais. O projeto já atraiu interesse de instituições legais, indicando um futuro promissor para o uso da IA no setor jurídico.
Fonte: (TechXplore – Machine Learning & AI)