
Tóquio — InkDesign News — Cientistas da Universidade Metropolitana de Tóquio identificaram a linhagem genética de uma população extinta de planta em Nishinoshima, uma ilha vulcânica a cerca de 1.000 quilômetros ao sul da capital japonesa, após análise realizada em 2019. A pesquisa lança luz sobre as fases iniciais de colonização vegetal em ambientes extremos periodicamente renovados por erupções.
O Contexto da Pesquisa
Nishinoshima, integrante do arquipélago de Ogasawara, se destaca pelo intenso vulcanismo, que elimina ciclicamente toda sua vegetação nativa. Esses eventos tornam o local um laboratório natural para compreender como plantas e ecossistemas surgem e se estabelecem após grandes perturbações ambientais, tema de interesse recorrente para a biologia evolutiva e para processos de restauração ecológica.
Resultados e Metodologia
Sob a liderança do professor Koji Takayama, amostras da planta Portulaca oleracea (beldroega), coletadas pouco antes de uma erupção devastadora em 2019, foram analisadas geneticamente em comparação com outras 254 plantas de 51 populações diferentes do Japão e Guam. Os dados revelaram que a população de Nishinoshima era mais próxima geneticamente das plantas da ilha vizinha Chichijima, mas apresentava marcantes singularidades hereditárias, consequência direta da rara chegada de sementes e de um forte efeito fundador.
“Essas populações derivam de poucos indivíduos, resultando em uma divergência genética acentuada.”
(“These populations derive from very few individuals, leading to a strong skew in subsequent genetic divergence.”)— Koji Takayama, Professor, Universidade Metropolitana de Tóquio
Os cientistas identificaram ainda indícios claros de deriva genética, em que fenômenos aleatórios como tufões e erupções moldam a composição genética das plantas, mais que a seleção natural. Segundo a equipe, as sementes de beldroega, minúsculas e leves, podem viajar pelo vento ou por aves, mas as chances de fixação e sobrevivência em Nishinoshima são raras. O trabalho representa um raro retrato temporal da formação inicial de uma população vegetal isolada.
“Os dados revelam como os ecossistemas podem ser restabelecidos após desastres naturais por meio de eventos genéticos singulares.”
(“The data reveal how ecosystems may be reestablished after natural disasters through unique genetic events.”)— Koji Takayama, Professor, Universidade Metropolitana de Tóquio
Implicações e Próximos Passos
Os resultados fornecem novas diretrizes para o entendimento dos mecanismos que regem o surgimento e manutenção de populações vegetais em ilhas remotas submetidas a perturbações frequentes. As descobertas podem contribuir para estratégias de restauração ecológica e políticas ambientais voltadas à resiliência de ecossistemas insulares.
Especialistas sugerem que estudos futuros avaliem a capacidade de reestabelecimento de outras espécies após eventos catastróficos, aproveitando o “laboratório” vivo proporcionado pelas ilhas vulcânicas do Pacífico.
Compreender a dinâmica genética nesses ambientes pode informar ações futuras de conservação e manejo para populações vegetais ameaçadas.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)