Baileys Harbor, Wisconsin — InkDesign News — Um grupo de historiadores marítimos e cientistas cidadãos identificou o naufrágio do navio F.J. King, submerso há quase 140 anos sob as águas do Lago Michigan, próximo à Península de Door, Wisconsin. A descoberta histórica foi anunciada e detalha o trabalho de investigação e tecnologia subaquática empregados no resgate da história regional.
O Contexto da Pesquisa
O navio F.J. King, um veleiro de três mastros construído em madeira, afundou em setembro de 1886 durante uma violenta tempestade enquanto transportava 600 toneladas de minério de ferro de Escanaba para Chicago. Apesar de décadas de buscas e especulações sobre sua localização, incluindo relatos históricos do faroleiro William Sanderson sobre mastros visíveis ao norte de Baileys Harbor, o naufrágio era considerado um “navio fantasma”. Essa tradição alimentou investidas de clubes de mergulho e a oferta de recompensas por sua localização, caracterizando-o como um dos grandes enigmas marítimos da região dos Grandes Lagos.
Resultados e Metodologia
O projeto foi liderado por Brendon Baillod, presidente da Wisconsin Underwater Archeological Association (WUAA), apoiado por cerca de vinte cientistas cidadãos e historiadores. Eles analisaram centenas de documentos históricos e colaboraram com pesquisadores anteriores, demonstrando a importância dos registros primários.
A descoberta ocorreu após apenas duas horas de busca utilizando novo sonar de varredura lateral DeepVision. Uma análise das imagens revelou um objeto com 140 pés — a mesma extensão conhecida do F.J. King. Veículos subaquáticos operados remotamente forneceram as primeiras imagens detalhadas do naufrágio desde 1886.
“Dois dos nossos cientistas cidadãos pilotaram veículos operados remotamente até a embarcação, sendo os primeiros a avistá-la após mais de um século.”
(“Two of our citizen scientists piloted remote operated vehicles down to the wreck and were the first people to lay eyes on it since 1886.”)— Brendon Baillod, Presidente, Wisconsin Underwater Archeological Association
Dados técnicos destacaram que o casco permanece notavelmente intacto, situação rara para embarcações que afundam carregando grandes cargas. Além disso, constatou-se que o local coincide com a distância originalmente reportada pelo faroleiro em 1886, corroborando a precisão dos relatos históricos.
Implicações e Próximos Passos
Após a confirmação, a equipe comunicou a descoberta ao Programa de Arqueologia Marítima da Sociedade Histórica de Wisconsin, que já iniciou a documentação do local, incluindo a criação de modelos em 3D por fotogrametria. Está prevista a indicação do sítio para o Registro Histórico Nacional e Estadual, medida que, segundo os organizadores, deverá fomentar o turismo e preservação regional. O local do naufrágio permanecerá sob proteção legal, pois a retirada ou modificação de artefatos constitui crime, de acordo com legislações estadual e federal.
“Encontrar um naufrágio histórico traz enorme responsabilidade. Uma embarcação nomeada e vinculada à memória comunitária adquire novo valor, tornando-se parte da história e potencial fomentadora de turismo.”
(“Finding an historic shipwreck brings with it a great responsibility… once the vessel has a name, a story and links to the community, it becomes a part of the community’s history and even a source of tourism.”)— Brendon Baillod, Presidente, Wisconsin Underwater Archeological Association
A pesquisa ressalta o papel de parcerias entre especialistas, arquivos históricos e tecnologias de ponta para a arqueologia subaquática contemporânea. Nos próximos meses, espera-se o avanço do reconhecimento oficial do sítio, bem como iniciativas de divulgação científica e visitas técnicas, consolidando o F.J. King como símbolo da memória marítima do Meio-Oeste americano.
Fonte: (Popular Science – Ciência)
