Cientistas identificam novas vespas parasitas em pesquisa nos EUA

Binghamton, Nova York — InkDesign News — Uma equipe de pesquisadores liderada por docentes da Universidade de Binghamton, State University of New York, identificou duas espécies até então desconhecidas de vespas parasitóides vivendo nos Estados Unidos. O avanço, publicado em 2024, revela uma diversidade inesperada no universo destes pequenos insetos, fundamentais para o equilíbrio ecológico dos carvalhos norte-americanos.
O Contexto da Pesquisa
As vespas formadoras de galhas e seus predadores, apesar de discretos quando comparados a outros insetos como as borboletas, têm despertado crescente interesse na comunidade científica. Com cerca de 90 espécies de carvalhos e aproximadamente 800 espécies de vespas formadoras de galhas vivendo na América do Norte, compreender a interação dessas espécies pode elucidar questões sobre biodiversidade e adaptações evolutivas. A pesquisa foi impulsionada por uma concessão de US$ 305.209 da National Science Foundation (NSF) à Universidade de Binghamton, com o objetivo de investigar a diversidade dessas vespas e seus parasitas em todo o continente.
Resultados e Metodologia
O estudo envolveu a coleta de cerca de 25 espécies de vespas formadoras de galhas ao longo da Costa Oeste, do estado da Califórnia à Colúmbia Britânica, e a criação controlada de dezenas de milhares de vespas parasitóides, que acabaram identificadas em mais de 100 espécies diferentes. A identificação genética baseou-se no sequenciamento do gene universal de código de barras, o subunidade I da citocromo oxidase (mtCOI), permitindo comparar os espécimes coletados com bancos de dados internacionais.
Duas linhagens distintas da espécie europeia Bootanomyia dorsalis foram detectadas nas costas leste e oeste da América do Norte, sugerindo pelo menos duas introduções independentes desse parasita europeu. As amostras do estado de Nova York estavam relacionadas a vespas de Portugal, Irã e Itália, enquanto as da Costa Oeste mostraram parentesco com populações da Espanha, Hungria e Irã.
“Os dados genéticos indicam que as duas linhagens podem ser consideradas espécies diferentes. Isso sugere que B. dorsalis foi introduzida pelo menos duas vezes, em eventos separados no leste e oeste.”
(“The sequences from two clades were different enough from each other that they could be considered different species. This suggests that B. dorsalis was introduced at least twice, and that the New York and West Coast introductions were separate.”)— Kirsten Prior, Professora Associada, Universidade de Binghamton
A introdução dessas vespas pode estar ligada à importação histórica de carvalhos europeus, como o carvalho inglês (Quercus robur) e o carvalho-da-turquia (Q. cerris).
Implicações e Próximos Passos
Os especialistas ainda investigam se essas espécies introduzidas representam riscos para a fauna nativa. Sabe-se que vespas parasitóides podem agir como agentes de controle biológico, mas também podem afetar populações locais, caso encontrem condições favoráveis para se expandirem.
“Elas podem afetar populações nativas de vespas formadoras de galhas ou outros parasitas nativos das galhas de carvalho.”
(“They could be affecting populations of native oak gall wasp species or other native parasites of oak gall wasps.”)— Kirsten Prior, Professora Associada, Universidade de Binghamton
A colaboração entre pesquisadores, naturalistas e cientistas cidadãos, como nas iniciativas Gall Week e Gallformers.org, será essencial para o monitoramento contínuo do impacto dessas espécies e para futuras descobertas de biodiversidade no continente. A pesquisa promete ainda produzir o maior estudo cofilogenético já realizado sobre este grupo de insetos.
À medida que o debate sobre as consequências de espécies introduzidas avança, o papel dos parasitóides como reguladores naturais de pragas reforça a necessidade de investigações detalhadas sobre suas interações ecológicas. O monitoramento sistemático e o engajamento de redes internacionais de pesquisa continuarão a ser fundamentais para entender e proteger a biodiversidade frente às mudanças globais.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)