Newark, Universidade de Delaware — InkDesign News — Uma equipe de cientistas liderada pelo professor associado William Chain, do Departamento de Química e Bioquímica da Universidade de Delaware, inovou ao desenvolver uma rota sintética de baixo custo para obter moléculas da goiaba usadas no combate ao câncer hepático. A pesquisa, publicada na revista internacional Angewandte Chemie, pode transformar radicalmente o tratamento dessa doença.
O Contexto da Pesquisa
Muitas das medicações aprovadas atualmente têm origem em compostos naturais, porém, nem sempre os recursos disponíveis na natureza são suficientes para atender à demanda global. O câncer de fígado e de vias biliares tem apresentado crescimento significativo nos últimos anos e figuras entre as causas líderes de morte por câncer. No cenário mundial, estima-se que um em cada 125 homens e mulheres será diagnosticado com carcinoma hepatocelular ao longo da vida.
Esse cenário cria um forte impulso por alternativas terapêuticas eficientes, acessíveis e escaláveis. Segundo Chain, a maioria dos medicamentos clinicamente aprovados deriva, total ou parcialmente, de produtos naturais, evidenciando a importância contínua dessa fonte para o desenvolvimento farmacêutico.
Resultados e Metodologia
O grupo de Chain utilizou o método denominado síntese total de produtos naturais para criar, a partir de reagentes comerciais, compostos encontrados na planta da goiaba conhecidos por sua ação anticancerígena. O acesso sintético a esses compostos elimina a dependência dos recursos naturais escassos e abre caminho para sua produção em larga escala.
“Agora, os químicos poderão seguir nosso ‘receituário’ e produzir os compostos por conta própria.”
(“Now chemists will be able to take our manuscripts and basically follow our ‘recipe’ and they can make it themselves.”)— William Chain, Professor Associado, Universidade de Delaware
A pesquisa detalha não apenas a síntese, mas propõe uma rota acessível, que permite a outros laboratórios do mundo inteiro replicarem e testarem novas variações desses compostos para possíveis melhorias de eficácia ou economia.
Implicações e Próximos Passos
Os resultados trazem esperança frente ao pesado fardo econômico das quimioterapias tradicionais, principalmente nos Estados Unidos, onde a taxa de sobrevivência em cinco anos para câncer hepático avançado permanece abaixo de 15%. Só em 2025, esse tipo de câncer deve atingir mais de 42 mil novos pacientes norte-americanos, com mais de 30 mil óbitos previstos no mesmo período. A metodologia proposta pode facilitar o desenvolvimento de novos tratamentos com custo reduzido e maior abrangência.
“Fomos os pioneiros nesse caminho e outros poderão aprimorá-lo, buscando atalhos se necessário. O importante é termos lançado luz sobre esse território desconhecido.”
(“We are the first ones to pave that road, and other people can repave it any which way. Find the shortcuts if they have to. But since we entered into that unknown territory, I think we helped shed light on this unknown pathway that can get us there. And I think that’s the cool part.”)— Liam O’Grady, Doutorando, Universidade de Delaware
O próximo passo envolve uma colaboração com o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, para avaliar se as moléculas derivadas da goiaba também são eficazes contra outros tipos de câncer, ampliando o alcance da descoberta.
Os desafios permanecem, mas a nova rota sintética criada em Delaware pode acelerar futuras pesquisas, promover tratamentos mais acessíveis e estimular colaborações globais no enfrentamento dos cânceres hepáticos e além. Os desdobramentos dessa abordagem podem redefinir os rumos do desenvolvimento de medicamentos baseados em derivados naturais para outras áreas da ciência biomédica.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
