Cientistas identificam morte de pterossauros em tempestade, revela estudo

Londres — InkDesign News — Em uma análise inédita, pesquisadores revelaram o destino de dois filhotes de pterossauro que, há 150 milhões de anos, foram surpreendidos por uma tempestade catastrófica enquanto voavam sobre uma lagoa na região que hoje corresponde ao sul da Alemanha. O estudo, publicado em setembro na revista Current Biology, aponta que ambos pertencem à espécie Pterodactylus antiquus e são os menores exemplares já encontrados, com envergadura equivalente a de um pequeno morcego.
O Contexto da Pesquisa
O trabalho, liderado por Rab Smyth durante seu doutorado na Universidade de Leicester, no Reino Unido, foca na análise de fósseis raros de pterossauros presentes na formação calcária Solnhofen, na Baviera. Registros anteriores já apontavam a abundância de esqueletos juvenis nessas rochas do período Jurássico Superior, mas pouco se sabia sobre as causas por trás dessa predominância juvenil e a escassez de adultos completos no local.
Resultados e Metodologia
Os espécimes, apelidados de “Lucky” e “Lucky II”, foram submetidos a necropsias detalhadas, revelando fraturas compatíveis com impacto de ventos extremos durante o voo — lesões semelhantes às de aves e morcegos afetados por tempestades atualmente. Técnicas de iluminação UV permitiram a identificação desses traumas ósseos, o que levou os pesquisadores à hipótese de que os filhotes foram arrastados por ventos violentos para dentro da lagoa, afogando-se e sendo rapidamente soterrados pelos sedimentos.
“Pterossauros tinham esqueletos incrivelmente leves. Ossos ocos e finos são ideais para voo, mas péssimos para fossilização. As chances de preservar um já são pequenas, e encontrar um fóssil que explique a causa da morte é ainda mais raro.”
(“Pterosaurs had incredibly lightweight skeletons. Hollow, thin-walled bones are ideal for flight but terrible for fossilisation. The odds of preserving one are already slim and finding a fossil that tells you how the animal died is even rarer.”)— Rab Smyth, Universidade de Leicester
A equipe destacou que tempestades tropicais recorrentes eram fatores determinantes para a mortalidade em massa de juvenis, enquanto adultos, com envergadura de até 1,1 metro, provavelmente resistiam melhor às condições adversas.
“Por séculos, acreditou-se que o ecossistema da lagoa Solnhofen era dominado por pequenos pterossauros. Hoje sabemos que essa visão é profundamente enviesada. Muitos desses animais não eram nativos do local, mas jovens inexperientes capturados por tempestades fortes.”
(“For centuries, scientists believed that the Solnhofen lagoon ecosystems were dominated by small pterosaurs. But we now know this view is deeply biased. Many of these pterosaurs weren’t native to the lagoon at all. Most are inexperienced juveniles that were likely living on nearby islands that were unfortunately caught up in powerful storms.”)— Rab Smyth, Universidade de Leicester
Implicações e Próximos Passos
A descoberta de Lucky e Lucky II amplia a compreensão sobre a ecologia dos pterossauros e os processos de fossilização em ambientes lagunares jurássicos. Segundo David Unwin, coautor e paleontólogo da mesma instituição, o achado reforça a importância de reavaliar coleções fósseis sob a ótica de eventos climáticos excepcionais do passado. A predominância de juvenis em Solnhofen, agora associada a tempestades severas, pode inspirar estudos semelhantes em outros sítios paleontológicos.
Perspectivas futuras incluem a análise de microestruturas ósseas para inferir padrões de crescimento desses répteis alados e investigações acerca da influência do clima jurássico sobre sua dispersão e sobrevivência.
Diante de tais achados, a paleontologia mundial pode reescrever o entendimento sobre a mortalidade de pterossauros, revisando a interpretação de conjuntos fossilíferos dominados por juvenis e orientando novas práticas de escavação e análise comparativa.
Fonte: (Live Science – Ciência)