Astronomia identifica atmosfera em TRAPPIST-1e, indica pesquisa

Baltimore, EUA — InkDesign News — Uma pesquisa recente liderada por cientistas do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial (STScI), em Baltimore, revelou sinais potenciais de uma atmosfera em um planeta rochoso localizado a 41 anos-luz da Terra, dentro da chamada “zona habitável” de sua estrela. Os dados coletados pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) sobre o exoplaneta TRAPPIST-1e, se confirmados por futuras observações, podem marcar a primeira detecção de uma atmosfera em um planeta rochoso e potencialmente habitável fora do Sistema Solar.
O Contexto da Pesquisa
A busca por atmosferas em exoplanetas rochosos é considerada um dos maiores desafios da astronomia moderna. A zona habitável de uma estrela, também conhecida como “zona de Goldilocks”, define a faixa de distância onde as temperaturas seriam compatíveis com água líquida em planetas rochosos. A presença de uma atmosfera adequada é crucial, pois o efeito estufa — gerado pela absorção de radiação por gases atmosféricos — pode impedir que a água evapore para o espaço.
Nos últimos anos, telescópios como o Kepler e o TESS revolucionaram a descoberta de planetas rochosos em torno de estrelas, especialmente as do tipo anã vermelha, como a TRAPPIST-1. Esses sistemas são favoráveis à detecção e análise porque sua zona habitável está localizada mais próxima da estrela, permitindo que os astrônomos observem múltiplos trânsitos em períodos curtos de tempo.
Resultados e Metodologia
A equipe internacional voltou a atenção do JWST para TRAPPIST-1e, realizando quatro observações entre junho e outubro de 2023. Ao analisar o espectro de transmissão durante os trânsitos — método que mede a absorção de luz estelar por possíveis gases atmosféricos —, os cientistas enfrentaram desafios de “contaminação estelar” causados por regiões ativas na superfície da estrela. O tratamento desses dados foi minucioso e levou mais de um ano para separar os sinais do planeta daqueles provenientes da estrela.
Segundo os pesquisadores, há duas hipóteses principais para os resultados atuais: a existência de uma atmosfera secundária rica em moléculas pesadas, como nitrogênio e metano, ou um planeta rochoso sem atmosfera relevante. A precisão dos dados ainda não é suficiente para descartar qualquer uma dessas explicações.
“Estamos diante de duas explicações possíveis para o que ocorre em TRAPPIST-1e: uma atmosfera secundária ou um planeta sem atmosfera.”
(“We are seeing two possible explanations for what’s going on at Trappist-1e: a secondary atmosphere or a bare rock.”)— Equipe de pesquisa, STScI
As medições recentes indicam que planetas mais internos do sistema (TRAPPIST-1b, 1c e 1d) são provavelmente mundos sem atmosfera substancial, enquanto TRAPPIST-1e, mais protegido da radiação estelar, permanece como candidato promissor.
Implicações e Próximos Passos
Caso confirmado, TRAPPIST-1e será o primeiro planeta rochoso na zona habitável de outra estrela a apresentar uma atmosfera detectável, abrindo caminho para novos avanços na busca por ambientes favoráveis à vida fora da Terra. O próximo passo será a análise detalhada das concentrações de gases do efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, para investigar o potencial de habitabilidade do planeta.
“Essas observações iniciais são um passo importante, mas mais dados do JWST serão necessários para termos certeza sobre a presença e a composição da atmosfera de TRAPPIST-1e.”
(“These initial observations are an important step, but more observations with JWST will be needed to be sure if Trappist-1e has an atmosphere and, if so, to measure the concentrations of these gases.”)— Equipe de pesquisa, STScI
Estão em andamento mais 15 trânsitos do planeta, que deverão fornecer dados essenciais até o final de 2025. A estratégia agora inclui a comparação direta com outro planeta do sistema, TRAPPIST-1b, considerado um “rochedo nu”, para distinguir sinais estelares dos planetários. Cientistas esperam que até 2026 um quadro mais claro surja sobre a composição e o potencial habitável de TRAPPIST-1e em relação aos planetas rochosos do Sistema Solar.
No horizonte, os resultados poderão redefinir o entendimento sobre a frequência de planetas habitáveis e influenciar futuras missões dedicadas à detecção de vida além da Terra.
Fonte: (Live Science – Ciência)