
Londres — InkDesign News — Quase dois mil anos após liderar uma revolta sangrenta contra a ocupação romana na Britânia, o paradeiro dos restos mortais da rainha celta Boudica continua envolto em mistério. Segundo pesquisas e análises conduzidas por arqueólogos e historiadores do Reino Unido, incluindo especialistas da Universidade de Cardiff, as teorias sobre seu local de sepultamento variam entre estações de trem movimentadas de Londres, colinas históricas e monumentos milenares, mas evidências conclusivas ainda não foram encontradas.
O Contexto da Pesquisa
Boudica, reconhecida como a carismática líder dos icenos, entrou para a história após desafiar severamente a autoridade romana por volta do ano 60 d.C. Seu levante foi motivado pela recusa dos romanos em reconhecer o direito de suas filhas ao trono tribal e pela subsequente brutalidade imposta à família real. Segundo fontes históricas, incluindo registros clássicos debatidos por pesquisadores como Miranda Aldhouse-Green, professora emérita de arqueologia em Cardiff, esse choque de culturas inflamou uma insurreição que quase expulsou os romanos do território britânico.
Resultados e Metodologia
Após a derrota final das tropas de Boudica em 61 d.C., relatos indicam que a líder celta faleceu – seja em combate, seja por suicídio – e permaneceu como figura de resistência nacional. Diversas teorias se difundiram ao longo dos séculos XIX e XX quanto ao seu destino final. Uma lenda popular, que alega que Boudica estaria enterrada sob a estação King’s Cross, ganhou força com a descoberta de vestígios romanos durante a construção do local, mas carece de respaldo arqueológico. Debates sobre possíveis túmulos vão de colinas como Parliament Hill até monumentos como Stonehenge, embora todos permaneçam hipotéticos.
Boudica “era muito, muito pró-Bretanha, e muito uma lutadora pela liberdade”
(“was very, very pro-British, and very much a freedom fighter”)— Miranda Aldhouse-Green, Professora Emérita, Universidade de Cardiff
A metodologia dos estudos inclui análise de crônicas antigas, avaliação de nomes históricos de lugares e revisão arqueológica de sepulturas da Idade do Ferro nos antigos territórios dos icenos, mas nenhuma evidência direta do local de sepultamento foi identificada.
“Os romanos decidiram, quando ela morreu, que impediriam qualquer tipo de memorial, pois temiam que se tornasse um ponto de reunião para revoltas”, disse Aldhouse-Green. “Por isso, garantiram que não houvesse nada para mostrar onde ela foi enterrada.”
(“The Romans decided when she died that they would prevent any kind of memorial, because they were afraid that it would be a rallying point for rebellion,” she said. “So they made absolutely certain that there was nothing to show where she was buried.”)— Miranda Aldhouse-Green, Professora Emérita, Universidade de Cardiff
Implicações e Próximos Passos
A ausência de uma sepultura identificável de Boudica amplia seu status simbólico como ícone de resistência britânica e também cria desafios para pesquisadores que buscam conciliar dados arqueológicos, narrativas históricas e tradição popular. A identificação de seu local de descanso permanece improvável; os romanos tiveram razão em temer que um memorial pudesse servir de catalisador para movimentos de resistência.
Especialistas preveem que novas tecnologias de escaneamento e genética poderão, no futuro, prover respostas mais precisas ao enigma de Boudica, embora grande parte dos dados permaneça dependente de interpretações das evidências indiretas já disponíveis.
No horizonte, a busca pelo túmulo de Boudica continuará intrigando arqueólogos e historiadores, ressaltando a importância do rigor metodológico e do respeito às fontes primárias na produção de conhecimento histórico e arqueológico.
Fonte: (Live Science – Ciência)