Urbana-Champaign, Illinois — InkDesign News — Uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Illinois Urbana-Champaign e da Universidade de Mie, no Japão, identificou que uma molécula derivada da bactéria intestinal pode viajar até os rins e desencadear inflamação e fibrose, agravando complicações graves do diabetes como a insuficiência renal. O estudo, publicado recentemente em Nature Communications, sugere novas perspectivas de tratamento para pacientes diabéticos.
O Contexto da Pesquisa
A fibrose renal diabética é uma das principais causas de falência renal no mundo. Apesar disso, os mecanismos que impulsionam esse processo permanecem pouco elucidados e até o momento nenhuma terapia é capaz de interromper ou reverter a doença. Segundo o Dr. Taro Yasuma, médico e primeiro autor do estudo:
Muitas pessoas com diabetes de longa data acabam desenvolvendo fibrose renal, e, uma vez que a condição progride, há poucas opções além da diálise ou transplante renal. Os tratamentos atuais focam principalmente no controle da glicemia e da pressão arterial, sem capacidade de curar ou reverter a fibrose (“Many people with longstanding diabetes eventually develop kidney fibrosis, and once it progresses, there are limited options beyond dialysis or kidney transplantation. Current treatments mainly focus on controlling blood sugar and blood pressure, but there’s no cure that stops or reverses the scarring or fibrotic process”).
— Dr. Taro Yasuma, Médico, Universidade de Mie
Resultados e Metodologia
A pesquisa examinou amostras de sangue e urina de pacientes com doença renal diabética e identificou níveis elevados de corisina — um peptídeo produzido por bactérias do gênero Staphylococcus no intestino — em comparação a indivíduos saudáveis. Os cientistas utilizaram simulações computacionais, experimentos com tecidos e modelos murinos para rastrear o efeito e a trajetória da corisina. Observou-se que o peptídeo se liga à albumina, proteína comum no sangue, atravessando assim a corrente sanguínea até atingir os rins. Lá, ao se desprender da albumina, desencadeia processos de envelhecimento celular, inflamação e formação de tecido cicatricial, levando à perda funcional dos rins.
A confirmação veio ao administrar anticorpos específicos contra a corisina em camundongos, o que resultou numa acentuada redução da progressão do dano renal. Segundo o professor Isaac Cann:
Nossos achados sugerem que a corisina é realmente um culpado oculto por trás da progressão do dano renal em diabéticos e que sua neutralização pode abrir um novo caminho para proteger a saúde dos rins (“Our new findings suggest corisin is indeed a hidden culprit behind progressive kidney damage in diabetes, and that blocking it could offer a new way to protect kidney health in patients”).
— Isaac Cann, Professor, Universidade de Illinois Urbana-Champaign
Implicações e Próximos Passos
A possibilidade de desenvolver anticorpos ou terapias-alvo capazes de neutralizar a corisina representa um avanço significativo na terapêutica da fibrose renal associada ao diabetes. Embora ainda não existam anticorpos aprovados para uso humano, o grupo planeja avançar para testes em modelos animais de maior porte e adaptar estratégias para ensaios clínicos. Há inclusive um pedido conjunto de patente entre as universidades envolvidas para anticorpos contra corisina.
Os próximos desdobramentos dessa pesquisa podem redefinir pautas terapêuticas e abrir caminho para novas tecnologias biomédicas, promovendo não apenas maior longevidade, mas também melhor qualidade de vida a pacientes com doença renal diabética.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
