
Madurai — InkDesign News — Pesquisadores realizaram a reconstrução digital detalhada de dois homens que viveram há cerca de 2.500 anos, na região atualmente conhecida como Tamil Nadu, sul da Índia. O estudo, liderado pelo Departamento de Genética da Universidade Madurai Kamaraj, utilizou técnicas inovadoras para desvendar características de uma civilização urbana enigmática e pouco documentada.
O Contexto da Pesquisa
As primeiras evidências do sítio arqueológico de Keeladi foram identificadas em 2013 pela Archaeological Survey of India. Sabe-se que Keeladi abrigou uma sofisticada civilização, datada de aproximadamente 580 a.C., conhecida por suas casas de tijolos com telhados de cerâmica, comércio de longa distância, escrita em antigo alfabeto tâmil e avançadas tecnologias, incluindo sistemas de manejo de água. Os vestígios estudados, oriundos do sítio funerário de Kondagai, são considerados essenciais para compreender o cotidiano desta sociedade. O professor Kumaresan Ganesan, envolvido na análise, ressaltou a importância da investigação do DNA antigo para estabelecer conexões ancestrais.
Resultados e Metodologia
Os crânios dos dois homens, localizados em urnas funerárias junto a joias, cerâmicas e alimentos, foram escaneados por tomografia computadorizada (CT scan) e convertidos em modelos virtuais 3D. Estes modelos foram enviados ao Face Lab, da Liverpool John Moores University, no Reino Unido, para reconstrução facial digital. O processo empregou bancos de dados de populações modernas do sul da Ásia para parâmetros de tecidos moles e outras características.
“Esses modelos [reconstruídos] podem nos ajudar a compreender pessoas do passado e permitem que comparemos a nós mesmos com nossos ancestrais.”
(“These [reconstructed] models can help us to understand people from the past and allow us to compare ourselves to our ancestors.”)— Caroline Wilkinson, Diretora, Face Lab, Liverpool John Moores University
As reconstruções, descritas como “primeira versão” pela equipe, adotaram cores de pele, olhos e cabelos típicas do sul da Índia, baseando-se em médias populacionais até que dados genéticos mais específicos estejam disponíveis. Exames anatômicos sugerem que os indivíduos tinham entre 50 e 60 anos ao falecer, embora as causas da morte permaneçam indefinidas.
Implicações e Próximos Passos
A análise genética preliminar sugere que esses homens antigos compartilham afinidades com populações modernas do sul da Ásia, levantando a possibilidade de descendência genética direta em habitantes atuais da região. Contudo, os cientistas sublinham a ausência de bancos genéticos regionais detalhados para confirmar essa ligação.
“Assim que tivermos essas informações, atualizaremos [as cores e detalhes morfológicos], se necessário.”
(“Once we have that, it will be updated, if required.”)— Kumaresan Ganesan, Chefe do Departamento de Genética, Universidade Madurai Kamaraj
O trabalho da equipe de Madurai se concentra, agora, no sequenciamento do DNA dos crânios para refinar as reconstruções e traçar mapas genéticos mais precisos. A expectativa é de que estudos futuros contribuam para reconstituir laços ancestrais e interpretar de forma mais aprofundada a cultura material de Keeladi.
Como próximos passos, os pesquisadores buscam ampliar a base de dados genética na região para potencialmente confirmar laços diretos entre antigas populações de Keeladi e comunidades atuais. O avanço dessas metodologias poderá impactar significativamente o entendimento da pré-história e da continuidade genética no sul da Ásia.
Fonte: (Live Science – Ciência)