
Mountain View, Califórnia — InkDesign News — Pesquisadores do Instituto SETI e da Universidade de Massachusetts revelaram, em um novo estudo, como investigações conduzidas pelo rover Perseverance da NASA em Jezero Crater, Marte, desvendam indícios de reações químicas antigas e ambientes potencialmente propícios à vida — uma descoberta que redefine nossa compreensão sobre a história marciana.
O Contexto da Pesquisa
A exploração de Marte sempre buscou pistas sobre água, minerais e potenciais origens de vida. O rover Perseverance, desde sua chegada em 2021 ao Jezero Crater, vem analisando minerais com equipamentos capazes de detectar compostos químicos complexos em escalas milimétricas. Estudos anteriores com o espectrômetro orbital CRISM, a bordo da Mars Reconnaissance Orbiter, forneceram mapas minerais em maior escala, mas limitados por ruídos e distorções atmosféricas. Para aprimorar essa resolução, Janice Bishop, do SETI Institute, e Mario Parente, professor de Engenharia da University of Massachusetts, combinaram dados orbitais com análises in situ, buscando correlacionar detecções em diferentes escalas e eliminar incertezas espectrais.
Resultados e Metodologia
A equipe focou em hyperspectros orbitais, aprimorados por novas técnicas de correção automática de ruído e distorção, produzindo mapas minerais detalhados de Jezero Crater. O Perseverance identificou rochas basálticas ricas em olivina e piroxena, além de argilas e carbonatos confirmando dados de CRISM. Avanço crucial veio da descoberta de nódulos milimétricos de fosfato e sulfeto de ferro em mudstones argilosos, próximos a Neretva Vallis (Bright Angel e Masonic Temple), elementos-chave à biologia terrestre.
“Coordinating mineral detections from orbit at Mars with in situ detections by the Perseverance rover gives us a detailed look at ancient chemical reactions for a few small areas and a broader view across kilometers of the surface.”
(“A coordenação das detecções minerais feitas da órbita de Marte com as detecções in situ pelo rover Perseverance nos dá uma visão detalhada das reações químicas antigas para algumas pequenas áreas e uma perspectiva mais ampla em quilômetros da superfície.”)— Janice Bishop, Pesquisadora Sênior, SETI Institute
Os nódulos revelaram minerais reduzidos mais abundantes em regiões menos oxidadas, correlacionados com concentrações maiores de compostos orgânicos, sugerindo interações químicas complexas. Dados do instrumento SHERLOC apontam que compostos orgânicos tiveram papel ativo nestas reações. Complementarmente, avanços em inteligência artificial — redes neurais generativas (GANs) — permitiram criar mapas minerais precisos, superando limitações anteriores.
“By extracting the atmosphere’s imprint directly from the image itself, our technique yields cleaner surface spectra.”
(“Ao extrair a impressão atmosférica diretamente da própria imagem, nossa técnica resulta em espectros de superfície mais limpos.”)— Mario Parente, Professor, Universidade de Massachusetts
Implicações e Próximos Passos
O estudo reforça que ambientes marcianos antigos eram quimicamente ativos, com energia potencial suficiente para sustentar processos precursores de vida, mesmo sem a presença confirmada de microrganismos. Análises isotópicas em futuro retorno das amostras ao laboratório terrestre podem apontar origens biológicas ou abióticas dessas transformações minerais, abrindo perspectiva para detecção de traços de vida passada.
Os próximos desdobramentos incluem análise detalhada dos materiais coletados pelo Perseverance quando retornarem à Terra, utilizando técnicas laboratoriais avançadas para investigar possíveis processos precursores da vida. Este trabalho pavimenta o caminho para novos estudos de habitabilidade planetária e inspira o desenvolvimento de tecnologias para mineração e reconhecimento mineralógico em ambientes extraterrestres.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)