
São Paulo — InkDesign News — Nesta quarta-feira (7), os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos realizam suas reuniões para definir as taxas de juros, em meio a um cenário de inflação persistente e dúvidas provocadas pela guerra tarifária norte-americana, com impactos esperados no crescimento econômico global.
Panorama econômico
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil ocorre em um contexto de inflação brasileira ainda acima do centro da meta de 3%. A expectativa é que o Copom eleve a taxa Selic dos atuais 14,25% ao ano para 14,75%, marcando o maior patamar desde 2006. Nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) deve manter a taxa atual entre 4,25% e 4,5%, enquanto o presidente Jerome Powell apresenta as considerações pós-decisão às 15h30, horário de Brasília.
O cenário global permanece marcado pelas incertezas da guerra tarifária iniciada pelo governo Trump, com pressões inflacionárias e dúvidas quanto ao desempenho econômico mundial. Essas tensões dificultam a leitura do impacto da política americana na economia brasileira e internacional.
Indicadores e análises
Relatório do Goldman Sachs projeta um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, observando as perspectivas para 2025 e 2026, diante da inflação persistentemente acima da meta. “Esperamos que o Copom não feche a porta para um aumento residual menor em junho, mas que se abstenha de oferecer uma orientação específica para a reunião de junho (inclusive não declarando que o ciclo de aumentos terminou)”
(“We expect Copom not to close the door to a smaller residual increase in June, but to refrain from offering specific guidance for the June meeting (including not declaring that the hiking cycle has ended)”), afirmou o banco em seu documento.
Dados do Boletim Focus indicam que a maior parte do mercado financeiro aguarda a elevação da Selic para 14,75% ainda nesta semana, com nova alta projetada para 15% em junho, antes da retomada do ciclo de cortes no final do ano.
Impactos e previsões
O planejador financeiro Jeff Patzlaff, CFP, destaca que o Banco Central brasileiro tende a manter uma abordagem firme para preservar a estabilidade de preços e a independência institucional.
“Diante desse contexto, uma nova alta — ainda que moderada — funcionaria como sinal de vigilância e compromisso com a estabilidade de preços, mesmo diante do impacto sobre a atividade econômica”
(“In this context, a new — albeit moderate — increase would act as a signal of vigilance and commitment to price stability, even considering the impact on economic activity”)— Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP
O especialista ressalta que a manutenção dos juros em 14,75% na próxima reunião dependerá dos efeitos da atual elevação, mas outras altas ainda são plausíveis conforme a inflação dos núcleos de serviços e alimentos e a desvalorização cambial continuem pressionando as expectativas para 2026.
No âmbito internacional, a consultoria LCA4Intelligence atribui a recente contração do PIB dos EUA à reação de consumidores e indústria diante da guerra tarifária.
“O bom comportamento da inflação será desafiado neste 2º trimestre pelo choque tarifário: as empresas têm reportado aumento relevante de custos, e as famílias também estão percebendo um aumento no custo de vida”
(“The good inflation performance will be challenged in this second quarter by the tariff shock: companies have reported significant cost increases, and families are also feeling higher living costs”)— LCA4Intelligence, consultoria econômica
A expectativa é que o Fed mantenha a taxa de juros na reunião, afirmando sua independência diante de pressões políticas para cortes imediatos.
As decisões anunciadas nesta semana serão cruciais para a definição do cenário econômico nos próximos meses, com reflexos diretos na indústria, mercado financeiro e no bolso do consumidor, diante do desafio persistente da inflação e do cenário internacional incerto.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)