
Storrs, Universidade de Connecticut — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade de Connecticut e colaboradores internacionais desvendaram os próximos passos de um enigma de séculos sobre pequenos crustáceos chamados “y-larvae”, que podem ser parasitas ainda não totalmente compreendidos. O estudo, publicado recentemente na revista Current Biology, revelou vínculos genéticos entre esses organismos e os famosos cracas (barnacles).
O Contexto da Pesquisa
Barnacles, conhecidos por aderirem firmemente a rochas, navios e até baleias, pertencem ao grupo dos crustáceos. No entanto, algumas espécies exibem estratégias de vida extremas, fundindo-se ao corpo de animais como caranguejos e, em certos casos, transformando-se em um sistema de raízes eficaz que domina o hospedeiro. Um grupo altamente enigmático chamado “y-larvae”, observado desde o século XIX em amostras de plâncton, permaneceu misterioso: sua fase adulta jamais foi registrada pelos cientistas.
“Em vez de se colarem a uma rocha ou algo assim, eles se colam a um hospedeiro, geralmente um caranguejo, e injetam-se no hospedeiro, vivendo toda a sua vida como uma rede de raízes que cresce através do corpo do hospedeiro. É quase como uma rede fúngica ou um sistema radicular de plantas. Eles não têm corpo real do jeito que pensamos em corpos de animais.”
(“Instead of gluing themselves to a rock or something, they glue themselves to a host, often a crab, and they inject themselves into that host, and live their entire life as a root network growing through their host. It’s almost like a fungal network or plant root system. They have no real body in the way that we think of animal bodies.”)— James Bernot, Professor Assistente, Universidade de Connecticut
Resultados e Metodologia
Conduzido por James Bernot e colaboradores do Museu de História Natural da Dinamarca, Academia Sinica, Universidade de Moscou e Universidade de Copenhagen, o estudo examinou mais de 3.000 y-larvae. Os cientistas sequenciaram o transcriptoma desses crustáceos, identificando que, apesar de parentes distantes dos cracas parasitas conhecidos, apresentam estruturas típicas de parasitismo, como garras para fixação em hospedeiros. Quando expostos a hormônios de crescimento crustáceo, esses organismos abandonam sua fase larval nadadora e assumem formas semelhantes às de animais parasitas.
“A melhor evidência que temos de que as y-larvas se tornam parasitas é que, ao expô-las a hormônio do crescimento de crustáceos, elas mudam para um corpo semelhante a uma lesma, semelhante ao que os cracas parasitas fazem quando entram em um hospedeiro.”
(“One of the best pieces of evidence we have that y-larvae become parasitic is that if we expose them to crustacean growth hormone, they will hatch out of their little swimming larval shape into a small slug-like body, which is similar to what parasitic barnacles do when they enter a host.”)— James Bernot, Professor Assistente, Universidade de Connecticut
Implicações e Próximos Passos
Embora pouco se saiba sobre o impacto ecológico das y-larvae, a pesquisa sugere que esses organismos podem estar envolvidos em relações parasitárias complexas, semelhantes às que “castram” caranguejos e alteram comportamentos dos hospedeiros no ecossistema. O sequenciamento do transcriptoma também revelou que a evolução desse parasitismo ocorreu de forma independente em relação aos demais cracas parasitas conhecidos — exemplo marcante de evolução convergente. Além disso, entender os mecanismos de aderência dos barnacles pode gerar inovações em colas industriais e odontológicas, bem como soluções antifouling para a indústria naval.
A equipe planeja expandir a reconstrução da árvore evolutiva dos cracas, rastreando padrões que ajudem a explicar a surpreendente diversidade adaptativa desses crustáceos, que somam milhares de espécies sobrevivendo há milhões de anos com estratégias extraordinárias.
As descobertas alimentam a esperança de elucidar não apenas detalhes da biologia desses microrganismos, mas também propor potenciais aplicações para humanos. Novas espécies seguem sendo descobertas, ampliando o horizonte para desdobramentos tecnológicos e ecológicos.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)