
São Francisco — InkDesign News — Uma análise histórica detalhada revela como ações humanas, desde o século XVIII, transformaram as populações de carrapatos e aumentaram drasticamente o risco de doenças transmitidas por esses artrópodes nos Estados Unidos. O estudo, embasado em dados ambientais e epidemiológicos, destaca que fatores como o desmatamento, a fragmentação florestal e o avanço urbano foram decisivos para o atual cenário de doenças como a doença de Lyme, babesiose e febre maculosa.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisadores ambientais vêm investigando as causas da expansão das doenças transmitidas por carrapatos, principalmente nas regiões nordeste e oeste dos EUA, onde ocorrem picos anuais de infecção. A transformação de florestas em áreas agrícolas e urbanas durante os séculos XVIII e XIX, seguida pela regeneração controlada de florestas, alterou o equilíbrio ecológico local. Essa dinâmica favoreceu o aumento de populadores como veados, hospedeiros preferenciais dos carrapatos, sem o retorno proporcional de predadores naturais, como ursos e lobos.
“Em muitos casos, ações humanas tomadas há muito tempo são a razão pela qual os carrapatos carregam essas doenças de maneira tão ampla hoje.”
(“In many cases, human actions long ago are the reason ticks carry these diseases so widely today.”)— Sean Lawrence, Professor, Universidade da Virgínia Ocidental
Resultados e Metodologia
O estudo reuniu estatísticas recentes, como o registro de mais de 89 mil casos de doença de Lyme em 2023, e mapeou a distribuição de espécies-chave de carrapatos, como Ixodes scapularis e Ixodes pacificus. Em áreas como o Vale do Silício e arredores de São Francisco, a construção de casas isoladas fragmentou o habitat natural. “Fewer hosts, more tightly packed, often means more infected hosts, proportionally, and thus more dangerous ticks.” (“Menos hospedeiros, mais concentrados, geralmente significa mais hospedeiros infectados, proporcionalmente, e, portanto, mais carrapatos perigosos.”)
“A região nordeste dos EUA se tornou um ponto crítico global para doença de Lyme a partir da década de 1970.”
(“The eastern U.S. became a global hot spot for tick-borne Lyme disease starting around the 1970s.”)— Relatório do Centro Nacional para Doenças Infecciosas Emergentes e Zoonóticas
Além disso, experiências históricas como a erradicação da febre do carrapato bovino no Texas, implementada pelo Departamento de Agricultura dos EUA, comprovam a eficácia de medidas de controle ambiental e quarentena em larga escala.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta reforça a necessidade de políticas ambientais integradas que preservem a diversidade e restaurem o papel de predadores naturais em ecossistemas fragmentados. Especialistas alertam para a relação entre ocupação humana desordenada, monoculturas e a emergência de doenças zoonóticas, defendendo ações preventivas no planejamento urbano e rural.
“Ainda que seja exagero pedir simpatia pelos carrapatos, vale lembrar que sua capacidade malévola é resultado das mudanças ambientais provocadas pelo próprio ser humano.”
(“It’s probably too much to ask for sympathy for any ticks you meet this summer…ticks are products of their environment, and humans have played many roles in turning them into the harmful parasites that seek us out today.”)— Sean Lawrence, Professor, Universidade da Virgínia Ocidental
O avanço das pesquisas indica que, para reduzir riscos à saúde pública, é indispensável coordenar medidas de conservação com ações de saúde preventiva, além de ampliar o monitoramento de ecossistemas em constante transformação.
Fonte: (Live Science – Ciência)