Pesquisa revela dieta de dinossauros com dentes de 150 milhões de anos

Austin, Universidade do Texas — InkDesign News — Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Texas em Austin revelou que a dieta dos dinossauros era significativamente mais variada do que se imaginava, mesmo há cerca de 150 milhões de anos. A análise detalhada do esmalte dentário fóssil trouxe à tona como diferentes espécies coabitavam e sobreviveram em um ecossistema repleto de gigantes herbívoros durante o Período Jurássico.
O Contexto da Pesquisa
O equilíbrio ecológico entre enormes dinossauros herbívoros sempre intrigou paleontólogos: como tantas espécies de grande porte conseguiam coexistir em uma mesma região geográfica sem competição direta pelo alimento? Até então, acreditava-se que esses animais se diferenciavam pelo nível de altura em que pastavam nas copas das árvores. O estudo, recém-publicado na revista Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, desafia essa percepção ao analisar marcadores químicos em dentes fósseis encontrados no Carnegie Quarry, nordeste de Utah — um sítio fóssil preservado após uma forte seca há milhões de anos.
Resultados e Metodologia
O pesquisador Liam Norris, doutor pela Jackson School of Geosciences, analisou amostras de esmalte de dentes de 17 exemplares englobando quatro espécies de dinossauros (Camarasaurus, Camptosaurus, Diplodocus e Allosaurus) e um crocodiliforme (Eutretauranosuchus). A técnica de análise isotópica de cálcio permitiu identificar as dietas dos animais, pois diferentes partes de plantas e tipos de vegetação apresentam assinaturas químicas específicas.
Os resultados apontam que espécies distintas se alimentavam de partes variadas das plantas, não somente em função da altura, mas também da preferência por tecidos vegetais específicos. Por exemplo, o Camptosaurus demonstrou uma predileção por folhas e brotos macios, enquanto o Camarasaurus consumia majoritariamente coníferas e tecidos lenhosos. O Diplodocus tinha uma dieta mais diversificada, incluindo samambaias e cavalinhas, além de vegetação mais resistente.
“O ecossistema que estudei é um mistério há muito tempo devido à convivência desses grandes herbívoros.”
(“The ecosystem that I studied has been a mystery for a long time because it has these giant herbivores all coexisting.”)— Liam Norris, pesquisador, Universidade do Texas em Austin
Para os carnívoros analisados, como Allosaurus e Eutretauranosuchus, os valores de isótopos sugerem possível sobreposição alimentar, mas também preferências: o crocodiliforme provavelmente se apesentava de peixes, enquanto o Allosaurus caçava, sobretudo, dinossauros herbívoros.
Implicações e Próximos Passos
O avanço da análise geoquímica fornece uma prova concreta sobre a especialização alimentar desses animais, o que explica a coexistência de múltiplas espécies em épocas remotas. Os achados também enriquecem teorias sobre a flexibilidade dos longos pescoços dos dinossauros, que teriam servido para alcançar diferentes estratos de vegetação sem movimentação corporal exagerada.
“O Túmulo Jurássico preservou um verdadeiro tesouro paleontológico, com esses esqueletos belamente exibidos no Monumento Nacional dos Dinossauros.”
(“The Jurassic tomb preserved a unique paleontological gem and these skeletons are beautifully displayed at Dinosaur National Monument.”)— Rowan Martindale, professora associada, Universidade do Texas
Especialistas preveem que novas análises isotópicas em dentes de outros sítios podem ampliar a compreensão sobre interações ecológicas em períodos pré-históricos e fornecer pistas cruciais sobre a produtividade vegetal e a organização desses antigos ambientes.
O estudo destaca a importância de técnicas geoquímicas para desvendar padrões de convivência e adaptação em grandes ecossistemas do passado, abrindo caminho para novas abordagens na paleontologia alimentar e interação de espécies extintas.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)