
São Paulo — InkDesign News — As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) no Brasil fecharam em baixa na terça-feira, 6 de junho, em meio à expectativa global e local para as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) dos EUA e do Banco Central (BC) brasileiro, que serão anunciadas nesta quarta-feira, impulsionadas por movimentos na inflação e no câmbio.
Panorama econômico
No contexto global, a atenção dos mercados está voltada para a “Superquarta”, quando o Fed e o Banco Central do Brasil devem decidir sobre a manutenção ou ajustes nas taxas de juros. Nos Estados Unidos, o recente leilão de títulos públicos de dez anos apresentou redução nos rendimentos dos Treasuries, um indicador de risco e expectativa econômica global. No Brasil, o cenário fiscal também exerce pressão sobre as decisões monetárias, sobretudo pelo risco inflacionário persistente e pelo possível impacto da cotação das commodities na arrecadação do governo.
Indicadores e análises
Na sessão, o DI para janeiro de 2026 fechou em 14,705%, contra 14,726% na véspera, enquanto os contratos para 2027, 2031 e 2033 também recuaram, apontando para uma curva a termo em movimento descendente. Entre os destaques, as NTN-Bs, títulos indexados à inflação, apresentaram taxas acima de 7%, refletindo a preocupação contínua com o cenário inflacionário. A curva brasileira indicava 74% de chance de alta de 50 pontos-base na Selic, atualmente em 14,25% ao ano, conforme a precificação no mercado de opções do Copom na B3. Na segunda-feira, as probabilidades de ajuste foram de 76% para alta de 50 pontos-base, 21% para alta de 25 pontos e 1,5% para manutenção.
O rendimento dos Treasuries de dois e dez anos apresentou queda de 5 e 4 pontos-base, respectivamente, com o título de dez anos em 4,308%, sugerindo uma acomodação das expectativas sobre os juros nos EUA.
Impactos e previsões
“Estamos com a inflação desancorada no Brasil. Então, a grande dúvida é sobre como será o debate, no Copom, sobre isso”
(“We have unanchored inflation in Brazil. So, the big question is how the Copom debate will unfold about it.”)— Vitor Oliveira, Sócio da One Investimentos
As incertezas quanto à inflação e à rigidez da política fiscal brasileira indicam que o Banco Central deverá manter o foco no combate à inflação, mesmo diante de pressões externas e internas. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ressaltou que a cotação mais baixa das commodities pode prejudicar a arrecadação do governo e defendeu a elevação do limite de gastos fiscais a partir de 2027 para incorporar despesas extraordinárias vinculadas a precatórios, tema sensível ao desempenho fiscal do país.
O mercado também monitora as indicações futuras do Fed e BC brasileiro, que terão impacto direto nas decisões de investimento e no custo do crédito, afetando setores produtivos e consumidores.
“Ainda que as taxas dos DIs tenham caído recentemente, ainda vemos as NTN-Bs pagando mais de 7%, em patamares bem esticados. A questão inflacionária ainda está viva”
(“Even though the DI rates have recently fallen, we still see NTN-Bs paying over 7%, at stretched levels. The inflation issue is still alive.”)— Vitor Oliveira, Sócio da One Investimentos
Os próximos desdobramentos estarão ligados à capacidade do Banco Central em ancorar as expectativas inflacionárias sem desestabilizar o crescimento econômico, além das respostas do mercado a futuras alterações nas taxas de juros globais e domésticas.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)