
Bruxelas — InkDesign News — O embaixador do Brasil na União Europeia (UE), Pedro Miguel da Costa, afirmou nesta terça-feira (6) que acredita na proximidade de um acordo comercial entre os Estados Unidos e a UE, o que poderá impactar os interesses comerciais brasileiros, especialmente no acesso a produtos como a soja e na definição de regras ambientais, como aquelas da Lei Antidesmatamento.
Panorama econômico
O cenário global tem sido marcado por tensões comerciais entre grandes blocos econômicos. Recentemente, os Estados Unidos impuseram tarifas recíprocas de 20% sobre produtos europeus, enquanto a UE havia proposto taxas de 25% sobre diversos produtos norte-americanos. Atualmente, essas medidas estão suspensas, com negociações em curso visando um acordo que harmonize essas relações comerciais. Paralelamente, o Mercosul-UE fechou um acordo no ano passado, que aguarda chancelamento interno das partes envolvidas, em um ambiente político e econômico complexo, com forte influência do agronegócio.
Indicadores e análises
O avanço das negociações entre EUA e UE indica uma tentativa de estabilizar o comércio internacional, embora traga incertezas para países terceiros como o Brasil. Pedro Miguel da Costa destacou que haverá efeitos diretos no tratamento dado aos produtos brasileiros, citando em particular a soja, um dos principais itens da pauta exportadora do país. Além disso, questões regulatórias, como o tratamento dos EUA na Lei Antidesmatamento brasileira, podem sofrer impactos relevantes.
“Eu acho que haverá um acordo entre Estados Unidos e União Europeia, um grande acordo. E quando houver este acordo, nossos interesses poderão ser afetados, desde o acesso dos nossos produtos, como a soja, até o impacto às regras. Qual será o tratamento dado aos EUA na Lei Antidesmatamento, por exemplo?”
(“I believe there will be an agreement between the United States and the European Union, a major agreement. And when that agreement happens, our interests may be affected, from access for our products, such as soy, to the impact on regulations. What treatment will be given to the US in the Anti-Deforestation Law, for example?”)— Pedro Miguel da Costa, Embaixador do Brasil na União Europeia
Impactos e previsões
O diplomata ressaltou que a aprovação do acordo Mercosul-UE deverá enfrentar dificuldades tanto no Conselho Europeu quanto no Parlamento Europeu, em razão das fortes pressões do agronegócio europeu. No entanto, ele observou que o chamado “efeito Trump” renovou o empenho dos defensores do acordo na UE, o que pode influenciar no desfecho das negociações.
“As pessoas [que defendem o Mercosul-UE] começam a falar mais no acordo. E isso é muito difícil porque ninguém quer falar contra o agronegócio europeu, que é muito forte”.
(“People [who defend Mercosur-EU] are starting to talk more about the agreement. And this is very difficult because no one wants to speak against the European agribusiness, which is very strong.”)— Pedro Miguel da Costa, Embaixador do Brasil na União Europeia
Especialistas indicam que um eventual acordo entre EUA e UE pode modificar a dinâmica competitiva e regulatória dos mercados agrícolas e industriais globais, exigindo adaptações estratégicas do Brasil para manter sua competitividade e garantir seus interesses comerciais.
O acompanhamento das negociações e o desenvolvimento de estratégias de resposta, tanto na esfera diplomática quanto nas políticas domésticas, serão cruciais nos próximos meses para mitigar possíveis impactos negativos e aproveitar oportunidades decorrentes dessas novas configurações comerciais.
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