Banco Central acompanha convergência das taxas de câmbio na Argentina e impacto no mercado
São Paulo — InkDesign News —
As principais taxas de câmbio da Argentina — dólar/peso oficial e dólar blue (paralelo) — convergiram nesta terça-feira (6), após quase seis anos de controles rígidos de capital no país, em meio a medidas para conter a inflação e estabilizar a moeda.
Panorama econômico
A Argentina, sob o governo do presidente Javier Milei, vem promovendo uma ampla reforma econômica. Desde 2019, o país mantinha rígidos controles de capital que fixavam a taxa de câmbio oficial, dificultando o acesso ao dólar e elevando os preços nas taxas paralelas. Em abril deste ano, flexibilizou grande parte desses controles, permitindo que o peso flutue em uma faixa ampla — entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar — enquanto a política monetária rígida busca conter um dos maiores índices de inflação global e reverter um profundo déficit fiscal. O contexto global, com alta inflação e instabilidades econômicas, também pressiona o realinhamento cambial.
Indicadores e análises
O preço oficial do dólar subiu para 1.203 pesos, ultrapassando a taxa do mercado paralelo, que estava em 1.180 pesos. Essa convergência representa uma reversão inédita nos últimos anos, quando a diferença chegou a 200% no ápice da crise cambial. O Banco Central argentino tem mostrado esforços para acumular reservas externas, que melhoraram após as injeções de US$ 12 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), concedidos sob novo acordo de empréstimo. Além disso, o país deve receber influxos significativos de dólares provenientes das exportações agrícolas, especialmente soja e milho, no próximo mês.
“É bom que o peso esteja começando a encontrar uma zona de nivelamento, e o meio da faixa não é ruim, especialmente dado o medo de que o fim dos controles cambiais levaria a uma desvalorização acentuada.”
(“It is good that the peso is starting to find a leveling zone, and the middle of the band is not bad, especially given the fear that the end of currency controls would lead to a sharp depreciation.”)— Marcelo Rojas, Analista, Buenos Aires
“O relaxamento dos controles cambiais é positivo, mas o mercado continua esperando para ver se o banco central finalmente conseguirá começar a acumular reservas líquidas genuínas.”
(“The relaxation of currency controls is positive, but the market is still waiting to see if the central bank will finally be able to start accumulating genuine net reserves.”)— Juan Manuel Franco, Economista-chefe, SBS Group
Impactos e previsões
A convergência das taxas de câmbio tende a reduzir distorções no mercado doméstico e sinaliza maior transparência e eficácia das políticas econômicas implementadas. Para consumidores, a expectativa é de maior estabilidade do peso, amenizando a inflação de produtos importados e insumos. O influxo de dólares agrícolas deverá fortalecer as reservas internacionais e facilitar o controle do Banco Central sobre a moeda. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de monitoramento constante das entradas cambiais e da resposta do mercado às próximas medidas fiscais e monetárias.
O futuro econômico da Argentina dependerá, em grande parte, da capacidade do governo de manter o déficit sob controle, assegurar o fluxo contínuo de divisas e preservar a confiança do mercado em sua política monetária. Os próximos meses serão decisivos para consolidar a estabilidade alcançada e evitar choques cambiais que possam impactar a inflação e o crescimento do PIB.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)
