
São Paulo — InkDesign News — A intersecção entre inteligência artificial (IA) e o aprendizado animal é cada vez mais explorada por cientistas, destacando como a adaptabilidade de seres vivos, como pombos, desafia concepções tradicionais sobre sentiência e aprendizado.
Contexto da pesquisa
A pesquisa liderada pelo psicólogo Ed Wasserman, da Universidade de Iowa, explora os mecanismos associados ao aprendizado em pombos, oferecendo novas perspectivas sobre a relação entre inteligência artificial e o reconhecimento de estados internos. Wasserman baseou suas investigações em trabalhos anteriores de Robert Rescorla, que desafiou a visão do aprendizado associativo como um mero processo mecânico. Rescorla argumentou que “o aprendizado resulta da exposição a relações entre eventos no ambiente” e que isso é fundamental para a forma como os organismos compreendem o mundo ao seu redor.
Método e resultados
Os pombos foram submetidos a tarefas de discriminação de drogas, onde foram expostos a substâncias como anfetaminas e sedativos. Após identificarem corretamente os fármacos, foram recompensados com pellets de comida. Os resultados sugerem que esses animais não apenas conseguem distinguir entre estados internos, mas também refletem um tipo de introspecção. Wasserman argumenta que isso contrasta com a limitada capacidade de IA em realizar tarefas complexas, mesmo quando apresentam similaridades nos mecanismos de aprendizado associativo. “É difícil imaginar IA superando um pombo nessa tarefa específica”, comentou Wasserman.
Implicações e próximos passos
Com investimentos crescentes em pesquisas sobre IA, a questão da sentiência em seres vivos torna-se mais relevante. Filósofos da ciência destacam a necessidade de investimentos semelhantes em pesquisas sobre cognição animal, levantando questões sobre como atribuímos sentiência a outros seres. Essa pesquisa não apenas contribui para a compreensão do comportamento animal, mas pode também reverberar no campo da IA, desafiando as definições do que significa sentir. A afirmação de Wasserman é clara: “Um pombo merece consideração ética não pelo modo como aprende, mas pelo que sente.”
Assim, à medida que as tecnologias avançam, o entendimento das capacidades cognitivas e emocionais dos seres vivos também precisa evoluir, refletindo um panorama mais holístico das interações entre máquinas e seres sencientes.
Fonte: (MIT Technology Review – Artificial Intelligence)