
Brasília — InkDesign News — Em uma ação que tem gerado controvérsias, o governo dos Estados Unidos cancelou vistos de funcionários brasileiros envolvidos no programa Mais Médicos, além de autoridades de países africanos e de Cuba, com o objetivo de pressionar por mudanças no regime cubano. Esta estratégia se insere em um contexto mais amplo de tentativas americanas de isolamento da ilha caribenha.
Contexto e objetivos
O programa Mais Médicos, iniciado em 2013, tinha como meta melhorar o acesso à saúde em áreas carentes do Brasil, através da cooperação com Cuba, que enviou médicos para atuar em regiões de difícil cobertura. Com a atual política de cancelamento de vistos, há preocupações sobre a continuidade dessa assistência médica e os impactos diretos sobre a saúde da população que depende desses profissionais.
Metodologia e resultados
Atualmente, cerca de 2,6 mil médicos cubanos ainda estão ativos no programa, o que representa uma significativa porcentagem na cobertura de saúde primária. Estudos anteriores indicam que a presença desses profissionais contribuiu para elevar a cobertura da atenção básica de saúde no Brasil de 10,8% para 24,6%. As medidas adotadas pelo governo Trump estão sendo interpretadas como tentativas de desestabilizar essa colaboração, conforme aponta o especialista em geopolítica Hugo Albuquerque:
“O governo Trump, na medida que ele não está conseguindo o que ele quer com o Brasil, ele está aumentando o cerco. A administração Trump achava que as tarifas contra o comércio iam bastar para derrubar o governo brasileiro.”
(“The Trump administration, as it fails to achieve what it wants with Brazil, is tightening the noose.”)— Hugo Albuquerque, Analista de Geopolítica
Implicações para a saúde pública
A cooperação médica com Cuba tem sido uma das principais fontes de médicos em várias nações, com Cuba exportando serviços de saúde desde a década de 1960. O impacto do cancelamento de vistos pode ser profundo, não apenas para a saúde da população que depende desses médicos, mas também para a economia da ilha, da qual a exportação de serviços médicos representa uma parte considerável do PIB. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, defende a legitimidade dessa colaboração, argumentando:
“A colaboração cubana tem sido uma fonte honesta de renda para o país, com base nas capacidades que o país criou.”
(“Cuban cooperation has been an honest source of income for the country, based on the capacities that the country has created.”)— Miguel Díaz-Canel, Presidente de Cuba
O fortalecimento das relações internacionais, especialmente em áreas críticas como a saúde, se mostra cada vez mais essencial para os países da região. As pressões externas, como as do governo dos EUA, que visam moldar políticas internas de nações soberanas, levantam questões sobre a autonomia e a soberania dos estados da região.
Considerando a situação atual, é crucial que novas abordagens e colaborações sejam exploradas para garantir acesso a serviços essenciais de saúde, garantindo que as comunidades vulneráveis não sejam deixadas para trás em meio a disputas políticas.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)