Rio de Janeiro — InkDesign News — O crescente uso de motocicletas no Brasil, impulsionado pela falta de alternativas de transporte, tem gerado um aumento preocupante no número de acidentes e mortes no trânsito, evidenciado pelo caso de Laura Maria de Oliveira, que após um grave acidente, luta para recuperar sua saúde e retornar ao trabalho.
Contexto e objetivos
A prevalência de acidentes envolvendo motocicletas no Brasil reflete não apenas uma questão de segurança viária, mas também um cenário social complexo. Famílias de menor renda, buscando acessibilidade, optam por motocicletas como meio de transporte, enquanto trabalhadores informais se expõem a riscos elevados em jornadas longas sem proteção trabalhista. O aumento de motos nas ruas é um reflexo de um sistema de mobilidade que ignora as necessidades de um grande segmento da população.
Metodologia e resultados
Os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas mostram que entre 2015 e 2024, o número de motocicletas no Brasil cresceu 42%, atingindo 35 milhões de unidades. No ano passado, a venda de motos aumentou 18,6%, alcançando o maior patamar desde 2011. Este crescimento alarmante coincide com um aumento no número de mortes no trânsito, com usuários de motocicletas representando a maior parte das vítimas.
“A moto tem, sim, seus problemas. É um veículo que é intrinsecamente mais vulnerável que os demais… A questão da sinistralidade com moto não é uma questão simplesmente de trânsito. É uma questão social, econômica e de trabalho.”
(“The motorcycle has indeed its problems. It is a vehicle that is intrinsically more vulnerable than others… The issue of motorcycle accidents is not simply a traffic concern. It is a social, economic, and labor issue.”)— Victor Pavarino, Oficial Técnico em Segurança Viária, Organização Pan-Americana de Saúde
Implicações para a saúde pública
O aumento dos acidentes motociclistas tem saturado os serviços de emergência, com o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentando uma epidemia de colisões envolvendo motocicletas. Os dados apontam que 70% a 75% das unidades de terapia intensiva estão ocupadas por vítimas de acidentes de trânsito, a maioria usando motos. Isso gera um impacto significativo nos custos do sistema de saúde, além de comprometer a capacidade de atendimento a outras condições médicas.
“Não pode tratar esse tema como se fosse de mera escolha individual. O cidadão escolhe a motocileta porque não deram a ele uma alternativa segura.”
(“It cannot be treated as a mere individual choice. A citizen chooses a motorcycle because they weren’t given a safe alternative.”)— Adrualdo Catão, Secretário Nacional de Trânsito
À medida que o número de motocicletas continua a crescer, é imperativo que políticas públicas sejam implementadas para promover transportes coletivos de qualidade, além de regulamentações que garantam a segurança dos motociclistas. A educação dos usuários sobre práticas seguras e a fiscalização rigorosa das normas de trânsito também são vitais para reduzir a sinistralidade.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)
