Fossilizações revelam adaptação de mamífero a aquecimento global

São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa revela uma adaptação surpreendente de uma espécie pré-histórica conhecida como Dissacus praenuntius, que passou a consumir mais ossos durante o Máximo Térmico Paleoceno-Eoceno, um período de aquecimento intenso que ocorreu há cerca de 56 milhões de anos.
Contexto da descoberta
Este estudo foi conduzido por Andrew Schwartz e sua equipe da Rutgers, Universidade do Estado de Nova Jersey. Durante o PETM, a temperatura global subiu drasticamente, e as condições ambientais mudaram rapidamente, refletindo, segundo os pesquisadores, padrões semelhantes aos observados atualmente devido às mudanças climáticas.
Métodos e resultados
Os cientistas utilizaram uma técnica chamada “análise de textura de micro desgaste dental” para examinar os fósseis de Dissacus praenuntius. Esses mamíferos, que pesavam entre 12 e 20 kg, apresentavam dentes que, antes da temperatura elevada, se assemelhavam aos de cheetahs, focando na carne. Contudo, durante e após o PETM, os dentes mostraram evidências de desgastes típicos de animais carnívoros que consomem alimentos mais duros, como ossos.
“Embora hipóteses anteriores atribuíssem o encolhimento dos animais apenas às temperaturas elevadas, esta nova pesquisa sugere que a escassez de alimentos teve um papel ainda mais significativo.”
(“While earlier hypotheses blamed shrinking animals on hotter temperatures alone, this latest research suggests that limited food played a bigger role.”)— Andrew Schwartz, Doutorando, Rutgers
Implicações e próximos passos
A pesquisa indica que a flexibilidade dietética pode ser crucial para a sobrevivência em condições ambientais adversas. Animais que conseguem diversificar suas fontes de alimento tendem a ter mais chances de sobreviver a estresses ecológicos. A pesquisa de Schwartz está alinhada com observações contemporâneas, como o comportamento de chacais que passaram a se alimentar de mais restos e insetos devido à perda de habitat.
“Um dos melhores modos de prever o futuro é observar o passado. Como os animais mudaram? Como os ecossistemas responderam?”
(“One of the best ways to know what’s going to happen in the future is to look back at the past. How did animals change? How did ecosystems respond?”)— Andrew Schwartz, Doutorando, Rutgers
As descobertas sugerem um potencial impacto nos web de alimentação modernas, alertando sobre como as mudanças climáticas atuais podem alterar esses sistemas. Enquanto Dissacus praenuntius sobreviveu por 15 milhões de anos, seu eventual desaparecimento ressalta a importância de se adaptar continuamente às mudanças no ambiente.
Fonte: sci.news– Ciência & Descobertas