CRISPR aprovado pelo FDA para produção de carne suína genéticamente editada

São Paulo — InkDesign News — A recente biotecnologia aplicada na criação de suínos geneticamente editados para resistência ao vírus PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína) representa um avanço significativo em saúde animal, ao oferecer proteção a partir da remoção de receptores virais essenciais para a infecção, com impactos econômicos relevantes para a indústria suinícola.
Contexto científico
O desenvolvimento ocorre em meio a esforços globais para controlar doenças infecciosas em animais de criação, que geram perdas econômicas substanciais. O PRRS é uma das principais ameaças ao setor suinícola, causando prejuízos estimados em mais de 300 milhões de dólares anualmente apenas nos Estados Unidos. O projeto foi conduzido pela Genus, empresa subsidiária da Pig Improvement Company, que aplicou técnicas avançadas de edição genética para impedir o vírus de entrar nas células por meio da remoção do receptor que o PRRS utiliza.
A iniciativa parte de uma perspectiva tecnológica comparável ao caso dos chamados bebês CRISPR, editados para resistência ao HIV, um experimento humano amplamente criticado por suas implicações éticas. Contudo, no contexto animal, considera-se que os riscos éticos são menores, enquanto os ganhos econômicos e sanitários são mensuráveis e substanciais. Globalmente, os suínos respondem por cerca de 34% do consumo de carne, segundo relatório de 2023, com a China abrigando metade da população global de suínos, seguida pelos EUA, com 80 milhões de cabeças.
Metodologia e resultados
O procedimento utilizou a ferramenta de edição genética CRISPR para deletar o receptor celular necessário à entrada do PRRS nas células suínas. Conforme relatado por Matt Culbertson, diretor de operações da Pig Improvement Company, os suínos geneticamente modificados demonstraram imunidade contra mais de 99% das variantes conhecidas do vírus PRRS, embora uma cepa rara possa ainda superar essa proteção.
“Os porcos parecem totalmente imunes a mais de 99% das versões conhecidas do vírus PRRS, embora exista um subtipo raro que pode escapar da proteção.”
(“the pigs appear entirely immune to more than 99% of the known versions of the PRRS virus, although there is one rare subtype that may break through the protection.”)— Matt Culbertson, Diretor de Operações, Pig Improvement Company
A edição da linha germinativa dos embriões suínos seguiu rigorosos protocolos de laboratório, assegurando que apenas o gene receptor fosse alvo da intervenção, preservando as demais funções fisiológicas dos animais.
Implicações clínicas
Embora a edição genética em humanos continue sob intenso escrutínio ético e regulatório, o uso em animais de produção apresenta uma margem maior de aceitação devido aos benefícios diretos em bem-estar animal, biossegurança e produtividade econômica. A aprovação dos suínos editados nos EUA aponta para uma possível expansão dessa tecnologia em outros países, podendo reduzir o uso de antibióticos e diminuir os impactos ambientais associados às doenças infecciosas.
“Esse projeto é tecnicamente impressionante e cientificamente inteligente.”
(“What’s certain is that the pig project was technically impressive and scientifically clever.”)— Reportagem MIT Technology Review
Além disso, o projeto reforça tendências recentes observadas na edição genética animal, que incluem tentativas de resgate de espécies extintas e criações de animais transgênicos para fins diversos, embora esses últimos ainda estejam em estágios experimentais e enfrentem desafios éticos e regulatórios mais complexos.
O impacto futuro dessa inovação pode redefinir os paradigmas da produção animal, potencializando avanços que conciliem saúde, sustentabilidade e economia. Estudos adicionais serão necessários para monitorar a segurança a longo prazo dos suínos editados e expandir aplicações em outras espécies.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)