Bryan Johnson propõe nova religião baseada em terapia genética

Berkeley, EUA — InkDesign News — A biotecnologia e o debate sobre saúde se entrelaçam em uma abordagem inusitada liderada por Bryan Johnson, empresário e investidor que propõe a criação de uma nova religião voltada à preservação da vida humana, sobretudo diante dos desafios impostos pela inteligência artificial (IA). O objetivo central é alinhar esforços para prolongar a longevidade enquanto se previne um possível colapso da humanidade causado por IA descontrolada.
Contexto científico
Johnson, presente em um evento sobre longevidade em Berkeley, Califórnia, em abril, expressa preocupação com o que chama de “evento horizonte” da IA — um ponto em que uma inteligência artificial superinteligente ultrapassará a compreensão e controle humanos. De origem mórmon, mas atualmente desvinculado da igreja, ele destaca a ameaça existencial que tal desenvolvimento representa para a espécie humana, ao mesmo tempo em que enfatiza a importância de avanços na biotecnologia para enfrentar o envelhecimento.
O empresário defende que a metodologia tradicional de comunidades e estilos de vida não tem o peso necessário para engajar esforços globais e aponta para as religiões como “a forma mais eficaz para organizar esforços humanos nos últimos milhares de anos”. Assim, propõe uma nova religião que abrace essa missão de sobrevivência e transformação humana, em um contexto onde “estamos tentando reimaginar o que significa ser humano” frente às mudanças trazidas pela IA.
Metodologia e resultados
A base desta nova religião está na ideologia do “Don’t Die” (Não Morra), que prioriza a sobrevivência humana em duas frentes complementares: a adoção desse modo de pensar e a garantia de que a IA seja desenvolvida de modo alinhado à preservação da vida. Johnson afirma que, sem o risco da IA, não dedicaria seu tempo às práticas antienvelhecimento atuais, que incluem uma série de regimens e intervenções biomédicas para desacelerar o envelhecimento. A longa jornada para resolver a questão do envelhecimento, estimada em décadas, depende crucialmente do controle ético e seguro da inteligência artificial.
Implicações clínicas
Embora ainda não especificado, o modelo religioso proposto levanta questões sobre a interseção entre ética, tecnologia e práticas biomédicas para a longevidade. A analogia com outros fundadores religiosos, como Buda e Maomé, assim como com figuras contemporâneas como Satoshi Nakamoto, evidencia uma tentativa de estruturar uma crença que combine narrativa, inovação e força mobilizadora. A expectativa é que essa congregação sirva de plataforma para acelerar pesquisas e fomentar políticas que promovam avanços seguros em biotecnologia aplicada à saúde humana, especialmente ao envelhecimento.
“Estamos em uma nova fase onde [por causa dos avanços em IA] estamos tentando reimaginar o que significa ser humano. Isso requer imaginação, criatividade e mente aberta, e isso é um grande desafio. Abordar essa conversa como uma comunidade ou estilo de vida não carrega peso ou poder suficientes. As religiões provaram, ao longo dos últimos milhares de anos, ser a forma mais eficaz de organizar esforços humanos. É apenas uma metodologia testada e comprovada.”
(“We’re in this new phase where [because of advances in AI] we’re trying to reimagine what it means to be human. It requires imagination and creativity and open-mindedness, and that’s a big ask. Approaching that conversation as a community, or a lifestyle, doesn’t carry enough weight or power. Religions have proven, over the past several thousand years, to be the most efficacious form to organize human efforts. It’s just a tried-and-true methodology.”)— Bryan Johnson, empreendedor e investidor
“Estou convencido de que estamos em um momento existencial como espécie. Resolver o envelhecimento levará décadas — sobreviveremos esse tempo apenas se garantirmos que a IA esteja alinhada com a sobrevivência humana.”
(“I am convinced that we are at an existential moment as a species. Solving aging will take decades, we’ll survive that long only if we make sure that AI is aligned with human survival.”)— Bryan Johnson, empreendedor e investidor
O impacto futuro dessa iniciativa deve ser avaliado tanto pela capacidade da comunidade biomédica e tecnológica de dialogar com visões inovadoras sobre longevidade, quanto pela habilidade de incorporar o desenvolvimento ético de IA como eixo central da sobrevivência humana. Os próximos passos incluem a construção desse novo paradigma que conjugue biotecnologia, ética e filosofia para enfrentar os desafios existenciais contemporâneos.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)