
Moscou, Rússia — InkDesign News — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou nesta terça-feira (6) uma viagem internacional com parada em Moscou, Rússia, onde participa das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. A agenda inclui, entre 8 e 10 de maio, reunião bilateral com o presidente Vladimir Putin, em um momento marcado pela tentativa brasileira de posicionamento independente na geopolítica internacional e mediação do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Contexto político
A visita ocorre em um cenário complexo, em que o Brasil, liderado por Lula, busca ampliar sua inserção global e fortalecer sua política externa independente. Convite de Putin para participar do feriado russo mais importante — celebrado em 9 de maio com desfile cívico-militar na Praça Vermelha — simboliza a relevância da visita. O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), integra a comitiva, enquanto a lista de ministros acompanhantes ainda não foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores. O Brasil, na condição de presidente do BRICS, defende o grupo como mediador potencial para o cessar-fogo no conflito Ucrânia-Rússia, estratégia alinhada à busca por autonomia política frente às potências globais.
Reações e debates
O deslocamento de Lula ao território russo suscitou análise tanto da diplomacia quanto da opinião pública sobre o papel do Brasil na mediação de conflitos internacionais. A expectativa oficial é de que o presidente transmita a Putin que o Brasil possui “credenciais para participar ativamente da mediação de um acordo de paz entre russos e ucranianos.” Como reverberado por interlocutores do governo, a iniciativa visa enfatizar a independência da política externa brasileira em relação a grandes potências. Discutem-se também os interesses econômicos, com a Rússia figurando entre os 13 maiores parceiros comerciais do Brasil, em especial nas áreas agrícola e de fertilizantes.
“A viagem terá dois objetivos principais: além de tentar colocar o Brasil como mediador da paz no conflito entre Rússia e Ucrânia, o de passar o sinal de independência da política externa brasileira em relação a outras grandes potências mundiais.”
— Interlocutores do governo brasileiro
Desdobramentos e desafios
Os próximos passos da agenda diplomática brasileira incluem iniciativas para ampliar o papel do BRICS em negociações de paz e fortalecer laços comerciais bilaterais, que atingiram 12,4 bilhões de dólares em 2024, apesar do déficit brasileiro de 9,5 bilhões de dólares. O desafio será equilibrar as relações com a Rússia sem comprometer a interlocução com outras nações e respeitar os interesses internos, enquanto se mantém uma postura autônoma. O desfecho dessas negociações pode impactar significativamente o posicionamento internacional do Brasil e a estabilidade da política externa em um contexto global marcado por polarizações.
“É o feriado mais importante da Rússia, que ocorre no dia 9 de maio, com um desfile cívico-militar na Praça Vermelha, em Moscou.”
— CNN Brasil
A visita de Lula à Rússia consolidará diretrizes da diplomacia brasileira focadas na mediação pacífica e autonomia estratégica, abrindo caminhos para reforçar o protagonismo do país em questões globais e econômicas, enquanto enfrenta os desafios de um cenário internacional delicado.
Fonte: (CNN Brasil – Política)