
São Paulo — InkDesign News — Uma nova descoberta fóssil representa o cerapoda ornitísquio mais antigo do mundo, segundo uma equipe de paleontologistas das universidades Sidi Mohamed Ben Abdellah, de Birmingham e o Museu de História Natural de Londres. A pesquisa lança luz sobre a evolução desses dinossauros no Jurássico Médio.
Contexto da descoberta
O clado Cerapoda compreende um grupo diverso de dinossauros ornitísquios com distribuição mundial. Eles foram parte essencial dos ecossistemas terrestres do Cretáceo, com membros iniciais bípedes e braços adaptados para agarrar, evoluindo no final do Cretáceo para formas quadrúpedes com mecanismos complexos de mastigação.
“Cerapoda é um clado diverso de dinossauros ornitísquios com distribuição global.”
(“Cerapoda is a diverse clade of ornithischian dinosaurs with a global distribution.”)— Dr. Susannah Maidment, Paleontóloga, Museu de História Natural de Londres e Universidade de Birmingham
Embora a maioria dos cerapodanos seja conhecida do Cretáceo, seu registro no Jurássico é escasso. Vestígios indiretos, como pegadas do Jurássico Médio, indicam a presença de ornitópodes grandes, possivelmente iguanodontídeos, mas fósseis corporais eram raros até a presente descoberta.
Métodos e resultados
O fóssil, uma porção do fêmur esquerdo, foi coletado em 2020 na Formação El Mers III, nos Montes do Atlas Médio, Marrocos. Data do período Bathoniano (Jurássico Médio), entre 165 a 160 milhões de anos atrás. A região é conhecida por fósseis do mais antigo anquilossauro africano e de alguns dos estegossauros mais antigos.
Caracterizado por uma cabeça femoral deslocada sobre um pescoço distinto e uma constrição entre a cabeça e o trocânter maior, o espécime apresenta características exclusivas do clado Cerapoda, separando-o de outros neornitisquianos. Essa é a segunda ocorrência confirmada de um cerapoda no Jurássico Médio globalmente.
“O espécime, embora fragmentário, possui características que o unem ao Cerapoda, excluindo outros neornitisquianos.”
(“The specimen, although fragmentary, bears characteristics… that unite it with Cerapoda to the exclusion of other neornithischians.”)— Susannah Maidment e equipe, Universidade de Birmingham e Museu de História Natural de Londres
Implicações e próximos passos
A descoberta amplia nosso entendimento sobre o advento e diversificação inicial dos cerapodanos. Dados anatômicos dos fósseis fornecem referência para análises filogenéticas mais robustas e para o preenchimento de lacunas na evolução dos ornitísquios.
A Formação El Mers III mostra-se um local fundamental para amostragem futura, visando compreender a radiação dos ornitísquios no Jurássico Médio e eventuais relações evolutivas que levariam à diversidade do Cretáceo.
Este avanço sugere potencial para novas descobertas de fósseis que podem corrigir ou confirmar hipóteses atuais sobre os estágios iniciais da evolução dos cerapodanos e outros dinossauros herbívoros.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)