Deputado da BA pede impeachment e aciona Congresso por fala sobre bolsonaristas para vala

João Dourado, Bahia — InkDesign News — O deputado estadual Leandro de Jesus (PL-BA) protocolou, na última sexta-feira (2), um pedido de impeachment contra o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT-BA), após discurso no município de João Dourado em que o gestor sugeriu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores deveriam ser levados “para a vala”.
Contexto político
A movimentação para o impeachment ocorre em um cenário de crescente polarização política no estado da Bahia, refletindo tensões nacionais entre apoiadores e opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Leandro de Jesus fundamenta seu pedido no artigo 7º da Lei do Impeachment (Lei nº 1.079/1950), que prevê crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos direitos políticos. Para o deputado, o discurso do governador ultrapassa os limites do debate político legítimo, configurando uma chamada à violência e ao extermínio de cidadãos que optaram por determinado candidato em eleições presidenciais.
O pedido destaca que expressões como “retroescavadeira” e “vala” remetem a práticas de genocídio e violações em massa dos direitos humanos, o que conflita com os princípios do Estado Democrático de Direito. Leandro de Jesus invoca também a Constituição do Estado da Bahia e a Constituição Federal para reforçar a gravidade da conduta, associada a atentados contra a ordem constitucional e democrática.
Reações e debates
“A metáfora empregada, que evoca o uso de uma ‘retroescavadeira’ para conduzir opositores e eleitores a uma ‘vala’, remete a práticas de genocídio e violação em massa dos direitos humanos, sendo absolutamente incompatível com os postulados do Estado Democrático de Direito.”
— Leandro de Jesus, deputado estadual (PL-BA)
O governador Jerônimo Rodrigues respondeu às críticas nesta segunda-feira (5), dizendo que sua fala foi “descontextualizada” e que não houve intenção de desejar a morte de ninguém. Ele afirmou que, caso o termo “vala” tenha sido pejorativo, está disposto a pedir desculpas.
“Se o termo ‘vala’ foi pejorativo, o governador tem toda humildade para dizer: desculpem pelo termo, mas não houve a intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém, nem de querer matar ninguém. Isso está longe da minha atitude, da minha e do meu grupo.”
— Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia (PT-BA)
Entre líderes políticos e juristas, o episódio reacende debates sobre os limites da liberdade de expressão e sobre os mecanismos legais para responsabilizar agentes públicos por discursos que possam incitar violência ou ameaçar direitos políticos.
Desdobramentos e desafios
O pedido de impeachment estará sujeito à análise nas instâncias legislativas do estado da Bahia, podendo gerar intensa mobilização política tanto entre parlamentares quanto na sociedade civil. O processo aponta desafios para o equilíbrio institucional entre a defesa da democracia e a contenção de discursos inflamatórios que possam ameaçar a convivência política pacífica.
Por outro lado, o evento reforça a complexidade do atual quadro político, marcado por polarizações que atravessam os espaços partidários e institucionais. A condução do caso poderá estabelecer precedentes sobre a interpretação de crimes de responsabilidade relacionados à liberdade de expressão em contextos eleitorais.
O debate evidencia ainda o impacto das manifestações eleitorais na governabilidade estadual, com eventuais repercussões para futuras eleições e para o ambiente político local e nacional.
Fonte: (CNN Brasil – Política)