
São Paulo — InkDesign News — Uma equipe internacional de cientistas sequenciou o genoma completo de um homem egípcio que viveu há mais de 4.500 anos, oferecendo novas perspectivas sobre a migração e mistura de populações no antigo Egito.
Contexto da descoberta
Estudos anteriores sobre a genética de múmias egípcias não conseguiram sequenciar genomas de forma satisfatória, devido à preservação desafiadora do DNA. “Cerca de 40 anos se passaram desde as primeiras tentativas pioneiras de recuperar DNA de múmias sem sucesso na sequência de um genoma egípcio antigo,” comentou o coautor Dr. Pontus Skoglund, pesquisador do Francis Crick Institute.
A descoberta recente, que une arqueologia e genômica, coloca em evidência a complexidade da história populacional do Egito antigo. Durante o estudo, foram encontrados indícios de migrações significativas de indivíduos vindos do Crescente Fértil, especialmente da Mesopotâmia, que formam cerca de 20% da ancestralidade da amostra analisada.
Métodos e resultados
Os pesquisadores extraíram e sequenciaram DNA do dente de um indivíduo proveniente de Nuwayrat, uma localidade a 265 km ao sul do Cairo. O estudo revelou que a maior parte de sua ancestralidade estava ligada a indivíduos que viveram na África do Norte. Os cientistas utilizaram técnicas genéticas avançadas para eliminar a contaminação e aumentar a precisão das análises.
“Esses novos e poderosos métodos genéticos nos permitiram ultrapassar barreiras técnicas e fornecer a primeira evidência genética sobre os movimentos de pessoas no Egito daquela época.”
(“These new and powerful genetic techniques have allowed us to cross these technical boundaries and provide the first genetic evidence for potential movements of people in Egypt at this time.”)— Dr. Pontus Skoglund, Pesquisador, Francis Crick Institute
Implicações e próximos passos
Com a análise dos sinais químicos presentes nos dentes, os pesquisadores inferiram que o indivíduo provavelmente cresceu no Egito. A avaliação de seu esqueleto permitiu estimar características como sexo, idade, altura e detalhes sobre seu estilo de vida. Os indícios sugerem que ele pode ter trabalhado como oleiro.
Entretanto, os cientistas alertam que muitos mais sequenciamentos genômicos serão necessários para compreender melhor a variação da ancestralidade no Egito da época. “Esperamos que futuras amostras de DNA do Egito antigo possam ampliar a compreensão sobre quando esse movimento a partir da Ásia Ocidental se iniciou,” afirmou Dr. Adeline Morez Jacobs, autora principal do estudo.
A pesquisa foi publicada na revista Nature e representa um avanço significativo na compreensão da complexidade e diversidade genética do Egito antigo. A descoberta pode levar a uma reavaliação das interações culturais e sociais no período das pirâmides.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)