
França — InkDesign News — Uma nova espécie de dinossauro, Obelignathus septimanicus, foi identificada a partir de restos fossilizados encontrados no sul da França, aumentando o conhecimento sobre a diversidade dos dinossauros ornitópodes na Europa do Cretáceo Superior.
Contexto da descoberta
A espécie Obelignathus septimanicus habitou o Arquipélago Europeu há cerca de 72 milhões de anos durante o período Cretáceo. Pertencente à família Rhabdodontidae, esses dinossauros eram herbívoros provavelmente bípedes, de portes variando entre 2 e 6 metros de comprimento. O Arquipélago Europeu do final do Cretáceo consistia em várias ilhas e esse grupo tem sido associado a habitats isolados em regiões que hoje compreendem sul da França, norte da Espanha, Áustria oriental, Hungria ocidental e Romênia ocidental.
Estudos anteriores reconheceram entre oito e nove espécies distintas dentro dessa família, porém as relações internas e diversidade permaneciam pouco claras. O novo estudo aborda um espécime previamente identificado como Rhabdodon septimanicus, uma espécie pouco conhecida que agora foi reclassificada.
Métodos e resultados
Os pesquisadores da Academia Polonesa de Ciências, Dr. Łukasz Czepiński e Dr. Daniel Madzia, realizaram uma reavaliação detalhada do osso dentário direito fossilizado encontrado na Formação ‘Grès à Reptiles’ no sul da França. A análise combinou estudos morfológicos multivariados e avaliações filogenéticas, revelando que o espécime é um outlier morfológico entre os rhabdodontomorfos europeus.
“Rhabdodon septimanicus é uma espécie pouco conhecida do Campaniano Superior ao Maastrichtiano Inferior do sul da França. Foi estabelecida com base em um osso dentário particularmente robusto que foi sujeito a interpretações taxonômicas conflitantes.”
(“Rhabdodon septimanicus is a poorly known species from the Upper Campanian to Lower Maastrichtian of southern France. It was established based on a particularly robust dentary bone that has been subjected to conflicting taxonomic interpretations.”)— Dr. Łukasz Czepiński e Dr. Daniel Madzia, Instituto de Paleobiologia, Academia Polonesa de Ciências
Esse trabalho levou à criação de um novo gênero, Obelignathus, para acomodar a espécie e sugeriu uma diversidade maior do que a atualmente reconhecida. Resultados indicam que múltiplas espécies simpátricas podem ter coexistido na região, especialmente no sul da França e possivelmente na Romênia.
Implicações e próximos passos
Essa descoberta amplia a compreensão da diversidade dos rhabdodontomorfos, que eram dinossauros com crânios triangulares e focinhos pontiagudos, adaptados ao ambiente de ilhas do Cretáceo Europeu. A aplicação de análises filogenéticas detalhadas demonstrou a importância de reavaliar espécimes previamente conhecidos para clarificar sua classificação e relações evolutivas.
“Apesar da necessidade de estudos osteológicos mais amplos, nossos resultados indicam que o grupo exibe maior diversidade do que se reconhecia atualmente, com várias espécies simpátricas ocorrendo pelo menos no sul da França e possivelmente também na Romênia.”
(“Although further large-scale studies, especially detailed osteological descriptions, are needed to clarify the taxonomic significance of certain European rhabdodontomorphs, our results indicate that the group exhibits greater diversity than currently recognized, with several sympatric species co-occurring, at least in southern France and possibly also in Romania.”)— Dr. Łukasz Czepiński e Dr. Daniel Madzia, Instituto de Paleobiologia, Academia Polonesa de Ciências
O impacto prático dessa pesquisa reside no melhor entendimento da biodiversidade e evolução dos dinossauros em ambientes insulares, podendo influenciar novas descobertas sobre como a fragmentação geográfica afetou a especiação. Futuramente, descrições osteológicas detalhadas e maiores amostragens de fósseis serão cruciais para aprofundar o conhecimento das relações dentro da família Rhabdodontidae.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)