
São Paulo — InkDesign News — A investigação sobre restrição calórica traz à tona dilemas em biotecnologia e saúde. Pesquisas revelam que essa prática pode aumentar a longevidade em animais, mas os impactos em humanos permanecem incertos.
Contexto científico
A restrição calórica tem sido um tema de interesse nas ciências biomédicas por mais de um século, revelando-se um método eficaz para prolongar a vida de diversas espécies, incluindo rato e macacos. Grupos de pesquisa em instituições renomadas, como a Universidade de Lancaster, têm estudado os efeitos de intervenções que vão desde a restrição calórica até o uso de medicamentos como rapamicina e metformina. Essas substâncias têm sido apontadas como possíveis terapias de longevidade, embora análises detalhadas sugiram que a restrição calórica é mais consistente em seus resultados.
Metodologia e resultados
Na análise de 167 estudos científicos, os pesquisadores destacaram a robustez da restrição calórica em comparação a outras intervenções. Os estudos abrangem métodos variados, mas todos têm um objetivo comum: compreender o impacto da ingestão calórica na saúde e longevidade. Entre os testes realizados, 99 ensaios clínicos com mais de 6.500 adultos foram revistos, avaliando os efeitos de restrição calórica e jejum intermitente. As métricas de eficácia foram focadas na longevidade e na saúde metabólica dos participantes.
Implicações clínicas
A interpretação dos dados sobre restrição calórica em humanos requer cautela. Apesar de a pesquisa indicar que a restrição calórica pode ser benéfica, seus efeitos adversos também precisam ser considerados, especialmente para aqueles com baixo índice de massa corporal. O professor David Clancy, especializado em biogerontologia, comentou sobre o uso de metformina:
“É uma pena para as muitas pessoas que agora estão tomando metformina off-label para extensão da vida. Vamos esperar que não tenha nenhum ou poucos efeitos adversos.”
(“Let’s hope it doesn’t have any or many adverse effects.”)— David Clancy, Professor de Biogerontologia, Universidade de Lancaster
As investigações em humanos correm o risco de se deparar com complexidades ainda não compreendidas, exigindo um rigoroso controle das evidências científicas.
A análise detalhada dos efeitos da restrição calórica sugere que, enquanto os benefícios podem ser tangíveis em modelos animais, a extrapolação desses resultados para os humanos ainda é incerta. O futuro da pesquisa nesse campo deve se concentrar em elucidar os mecanismos subjacentes aos efeitos observados e em estabelecer protocolos seguros e eficazes para a saúde humana.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)