Pesquisa revela que mais atletas mulheres acham justa elegibilidade da DSD na categoria feminina

Cardiff — InkDesign News —
Uma nova pesquisa sobre atletas femininas revelou que a maioria considera justa a inclusão de atletas com diferença no desenvolvimento sexual (DSD) na categoria feminina de esportes de contato e de alta capacidade física. O estudo também aponta questões éticas sobre a obrigatoriedade de medicação para elegibilidade.
Contexto da descoberta
Diferentes formas de desenvolvimento sexual, conhecidas como DSD, envolvem características genéticas, hormonais e anatômicas que não seguem os padrões típicos masculino ou feminino. Atletas com DSD, como a corredora sul-africana Caster Semenya, têm sido alvo de controvérsias sobre sua elegibilidade para competir na categoria feminina em esportes de elite. Embora muitos regulamentos de esportes reconheçam diferenças entre atletas transgêneros e com DSD, pesquisas anteriores mostraram divergências na opinião de competidoras sobre esses temas.
Métodos e resultados
O estudo, conduzido pelo Dr. Shane Heffernan da Swansea University em parceria com pesquisadores do Manchester Metropolitan University Institute of Sport e University of Chester, avaliou a opinião de 147 atletas femininas nacionais, elite e de nível mundial, incluindo 21 campeãs mundiais e 15 olímpicas. Foram investigadas percepções sobre a justiça da participação de atletas com DSD em diversas modalidades.
Os dados indicam que 43% das atletas consideram justa a participação de atletas com DSD na categoria feminina, contra 36% que julgaram isso injusto. Já 67% manifestaram que é antiético impor medicação para que esses atletas possam competir, e 82% defendem maior inclusão para atletas com DSD, demonstrando que apenas 8,2% acreditam que eles são tratados de forma justa atualmente.
“Atletas com uma DSD têm uma ou várias condições genéticas complexas que levam a características fisiológicas variadas e individuais. Até o momento, não foi demonstrado empiricamente que atletas com DSD tenham vantagem atlética no esporte de elite.”
(“Athletes with a DSD have one of several complex genetic conditions that lead to varied and individual physiology traits. To date, DSD athletes have not been shown empirically to have an athletic advantage in elite sport.”)— Dr. Shane Heffernan, Swansea University
Implicações e próximos passos
Embora opiniões variem conforme o esporte, o estudo mostra maior aceitação da participação de atletas com DSD do que exclusão, além de forte desaprovação à exigência de medicação. Os autores recomendam que organizações esportivas diferenciem claramente as políticas para atletas transgêneros e com DSD, evitando tratá-los conjuntamente.
“Não apenas isso não é justificado cientificamente e apresenta sérios problemas éticos, mas agora também está claro que, embora a opinião esteja dividida, mais mulheres acreditam que atletas com DSD devem competir do que desejar sua exclusão.”
(“Not only is that not justified scientifically and has huge ethical problems, but now it is also evident that, while opinion is clearly divided, more women athletes believe athletes with a DSD should be allowed to compete than wish to exclude them.”)— Prof. Alun Williams, Manchester Metropolitan University Institute of Sport
Essas descobertas têm potencial para influenciar a reformulação das políticas de elegibilidade em esportes olímpicos e internacionais, promovendo regras baseadas em evidências e maior inclusão. Novas pesquisas poderão aprofundar o entendimento das diferenças fisiológicas e o impacto ético-social dessas normas.
Fonte: (Phys.org – Ciência & Descobertas)