
Brasília — InkDesign News — O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou nesta sexta-feira (23), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava pronto para entregar o governo federal ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no contexto da transição de governo após as eleições presidenciais.
Contexto político
A audiência de Hamilton Mourão integra o inquérito que apura a suposta trama golpista conhecida como “núcleo 1”, que investiga tentativas de ruptura institucional após o pleito eleitoral. O processo, conduzido pelo STF, tem colhido depoimentos de diversas testemunhas desde o início das investigações. Mourão, ex-vice na chapa presidencial de Bolsonaro, prestou seu testemunho via videoconferência, entre uma série de depoimentos agendados até 2 de junho.
Segundo o próprio senador, todas as reuniões em que participou após o resultado das eleições tinham como pauta única a transição de governo, sem qualquer tratativa de impedimento à posse de Lula (PT). Ele descreveu ainda uma tentativa de contato no dia do anúncio oficial do resultado, caracterizando Bolsonaro abatido e sinalizando que não haveria ações para impedir a transição.
Reações e debates
Durante seu depoimento, Mourão relatou:
“No dia seguinte à nossa derrota, estive no Palácio do Planalto. Falei [a Bolsonaro] que entraria em contato com [Geraldo] Alckmin para me colocar à disposição, de modo que tivéssemos uma comunicação com o governo eleito. Falei também com Ciro Nogueira para que ele iniciasse a liderança da transição, mostrando claramente que Bolsonaro estava pronto para entregar o governo para o presidente recém-eleito.”
— Hamilton Mourão, Senador e ex-vice-presidente
Nesse contexto, Mourão negou a existência de qualquer ordem de Bolsonaro para prejudicar a transição ou prolongar mandato. As declarações geram reverberações entre atores políticos e especialistas, que analisam as contradições em relação a outras narrativas sobre a crise institucional pós-eleitoral.
Desdobramentos e desafios
O andamento do inquérito enfrenta o desafio de esclarecer, por meio dos depoimentos e provas, a dinâmica interna dos grupos envolvidos na suposta trama para interromper a posse presidencial. Com 19 das 82 testemunhas já ouvidas, incluindo também o comandante da Marinha, Almir Garnier, e o ex-ministro Aldo Rebelo, o processo busca mapear o “núcleo 1” e entregar um relatório conclusivo para o STF.
O resultado terá impactos diretos na estabilidade institucional, no futuro das investigações e na condução do debate político nacional sobre os limites do exercício democrático e respeito à lei eleitoral.
“O senador afirmou desconhecer qualquer tratativa sobre um plano para impedir a posse de Lula (PT) e manter Bolsonaro no poder.”
— Relato de Hamilton Mourão, Senado Federal
À medida que o tribunal avança nas audiências, o país acompanha com atenção a potencial definição do rumo jurídico e político que será dado aos acontecimentos pós-eleitorais. O desafio maior estará em preservar a integridade das instituições democráticas diante das acusações e evidências apresentadas.
Fonte: (CNN Brasil – Política)