
Brasília — InkDesign News — O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira, 23 de junho, negando veementemente a existência de reuniões para discutir a instauração de um golpe de Estado, mencionadas pelo tenente-coronel Mauro Cid no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe após a eleição presidencial de 2022.
Contexto político
O depoimento de Mourão ocorreu em meio à investigação conduzida pelo STF e acompanhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre supostos planos golpistas envolvendo militares e agentes políticos no período pós-eleitoral. Mauro Cid, tenente-coronel da reserva, havia afirmado que houve encontros para articular medidas contra a posse do presidente eleito Lula, dentre as quais a elaboração de uma minuta que teria sido rasgada por militares. A Polícia Federal também apreendeu capturas de tela de mensagens que sugerem a realização desses atos, contudo, Mourão refutou qualquer participação ou conhecimento, declarando que desconhece as pessoas mencionadas e classificando o relato como falso.
Reações e debates
Durante seu depoimento, Mourão respondeu ao procurador-geral Paulo Gonet, afirmando:
“Em absoluto. Esse diálogo é mais uma das fantasias que circula pela internet, desconheço esses cidadãos e em nenhum momento fui apresentado a alguma minuta. Obviamente esse texto aí é fake.”
— Hamilton Mourão, senador e ex-vice-presidente da República
Ele negou ainda a existência de uma reunião em que teria participado: “Essa reunião com minha presença não aconteceu.” O ex-vice-presidente foi ouvido como testemunha do general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Embora tenha exercido a vice-presidência na gestão Bolsonaro, Mourão não figura na denúncia da PGR relativa ao caso investigado pelo STF.
Ao longo do processo, Mourão qualificou o suposto plano golpista da seguinte forma:
“Nós temos um grupo de militares pequeno… A maioria militares da reserva que, em tese, montaram um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe.”
— Hamilton Mourão, em entrevista ao podcast “Bom dia Mourão”
Essa postura ressalta uma visão crítica à imputação da tentativa de golpe, classificando como desprovida de coerência a narrativa de conspiração.
Desdobramentos e desafios
A investigação do STF prossegue diante das evidências coletadas, incluindo as comunicações telefônicas entre militares da reserva que indicam uma articulação para impedir a posse do presidente Lula. A resposta dos envolvidos e grupos políticos deverá influenciar a estabilidade do processo democrático brasileiro e o respeito às instituições. Mourão, protagonista na gestão Bolsonaro, já manifestou até articulações diplomáticas, como o pedido ao presidente argentino Javier Milei para conceder refúgio político a investigados e condenados relacionados aos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023.
O desafio à frente envolve o aprofundamento das apurações, o julgamento do STF e o debate público sobre os limites constitucionais e a segurança institucional no Brasil pós-eleitoral.
Fonte: (CNN Brasil – Política)