
Brasília — InkDesign News — O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) depôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23) como testemunha no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Durante o depoimento, Mourão caracterizou os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 como “baderna”, afirmando que estava em sua residência em Brasília no momento dos fatos.
Contexto político
O processo em curso no STF apura a organização e participação em atos antidemocráticos e a suposta tramitação de um plano golpista envolvendo integrantes do governo após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022. O ex-ministro general Augusto Heleno, que dirigia o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), é um dos investigados, e o senador Hamilton Mourão foi arrolado como testemunha por sua ligação ao governo anterior e sua experiência no comando militar do Planalto.
Em sua fala, Mourão destacou que tomou conhecimento dos eventos após um telefonema de seu filho e ao ligar a televisão, identificando a “baderna” que se formava em Brasília. Ele pontuou que, do ponto de vista militar, havia indicativos de um planejamento que exigia uma resposta urgente, mas classificou a reação do governo como uma “inação” frente à crise.
Reações e debates
“Tomei conhecimento da baderna que estava ocorrendo porque meu filho me telefonou, liguei a TV e vi”
— Hamilton Mourão, Senador da República
“Na visão de quem já exerceu a função de comando militar do Planalto, sabia que havia um planejamento a ser acionado ali a partir da detecção de uma ameaça. O que na minha visão o que aconteceu foi uma inação do governo que deveria ter acionado os meios efetivos”
— Hamilton Mourão, Senador da República
Ao longo das investigações, Mourão classificou o suposto plano golpista como um “plano sem pé nem cabeça”, interpretando-o como uma iniciativa de um grupo restrito de militares da reserva, sem viabilidade prática. Essa percepção gerou debates sobre a efetividade do suposto plano e seu real impacto nas instituições democráticas.
Desdobramentos e desafios
O depoimento de Mourão integra o conjunto de provas e testemunhos que serão analisados pelo STF para definir responsabilidades e encaminhamentos jurídicos. A ausência de seu nome na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e sua condição de testemunha podem influenciar futuros desdobramentos do caso, sobretudo em relação às respostas institucionais necessárias para a prevenção de crises semelhantes.
O tema mantém grande repercussão política e social, exigindo do poder público um posicionamento claro sobre o fortalecimento das instituições democráticas e o combate a tentativas de desestabilização do processo eleitoral.
O caminho político subsequente dependerá da consolidação das investigações e eventuais medidas legislativas encaminhadas para aprimorar a legislação referente à segurança institucional e à defesa da democracia.
Fonte: (CNN Brasil – Política)