
Brasília — InkDesign News — O general Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (22) como testemunha indicada pelo tenente-coronel Mauro Cid, no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Contexto político
Júlio César de Arruda foi o primeiro comandante do Exército nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumindo o posto em dezembro de 2022, mas foi exonerado 23 dias depois, em meio à crise desencadeada pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O processo no STF apura as circunstâncias dos atos criminosos e possíveis tentativas de golpe de Estado, envolvendo diversas autoridades militares e civis. O depoimento faz parte do conjunto de oitivas para esclarecer a atuação das Forças Armadas e de outros órgãos de segurança durante aquele período conturbado.
Reações e debates
Durante seu depoimento, Arruda negou ter impedido a entrada da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no Quartel-General do Exército na noite dos ataques, dizendo que coordenação era necessária. Relatou contato com o então interventor federal na segurança do DF, Ricardo Cappelli, para alinhar a atuação das forças de segurança.
“Eu não neguei [a entrada]. Lá pela noite, quando parte dos manifestantes voltava para a Praça dos Cristais, o general Dutra me ligou e disse que a polícia vinha atrás deles e queria prender todo mundo. Eu disse que aquilo precisava ser coordenado.”
— General Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército
Negou também envolvimento com planos golpistas ou tentativa de impedir a posse do presidente Lula, assim como ter recebido qualquer oferta para participar de um plano de golpe.
“Eu não o expulsei. Disse a ele que daria continuidade ao trabalho do general Freire Gomes no comando.”
— General Júlio César de Arruda, sobre reunião com general de brigada Mário Fernandes
Ao ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre uma suposta frase em tom de ameaça dirigida ao comandante da PMDF, Arruda respondeu não recordar tal declaração, afirmando que seu papel era acalmar o clima exaltado no momento.
Desdobramentos e desafios
Além do general Arruda, o STF ouviu depoimentos de outros sete militares nesta quinta-feira, num total de aproximadamente 1h20 de oitivas. O processo busca consolidar provas e esclarecimentos para a responsabilização de envolvidos nos eventos de 8 de janeiro e nas supostas tentativas de golpe no pleito de 2022. O desfecho poderá influenciar o papel das Forças Armadas em crises futuras, a relação civil-militar e as garantias democráticas.
O contexto pós-eleitoral segue sensível, e a condução transparente dos processos judiciais será fundamental para a consolidação da confiança nas instituições brasileiras.
Fonte: (CNN Brasil – Política)