Presidência da COP30 propõe repensar modelo das conferências e acende debate político

Belém, PA — InkDesign News — A menos de um mês da abertura da COP30, marcada para novembro em Belém, no Pará, o governo brasileiro, por meio do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, lançou nesta sexta-feira (24) uma carta reforçando o compromisso nacional de mobilizar o engajamento global para ações climáticas imediatas e concretas, propondo ainda uma revisão no formato das próprias conferências.
Contexto político
A COP30 representa um marco significativo para o Brasil na agenda climática internacional. Em sua terceira comunicação oficial, Corrêa do Lago defende a necessidade de repensar as Conferências das Partes (COPs) no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), sugerindo uma redução da burocracia para tornar as reuniões mais produtivas e efetivas. O documento, que antecede as reuniões preparatórias do SB62, que ocorrerão em Bonn, Alemanha, entre 16 e 26 de junho, orienta as delegações a adotarem uma postura de empatia e cooperação, superando o histórico confronto político. A agenda da COP30 enfatiza a consolidação das metas do Acordo de Paris e o alinhamento das decisões climáticas com a vida cotidiana das populações, destacando a urgência da transição energética global e da preservação florestal até 2030.
Reações e debates
A carta oficial destaca que “o momento exige decisões ousadas, baseadas em solidariedade e propósito comum”, afirmando a importância de fortalecer a infraestrutura global de confiança. Para André Corrêa do Lago, “Devemos apoiar uns aos outros para avançar coletivamente nas metas de triplicar a capacidade global de energia renovável, dobrar a taxa média global de melhoria da eficiência energética e promover a transição para o afastamento dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa.”
“É hora de reconstruir a infraestrutura global de confiança”, afirma o texto, que orienta as delegações a abandonarem o confronto político e adotarem uma abordagem baseada em empatia e cooperação.
— André Corrêa do Lago, presidente da COP30
Entre os temas mais sensíveis está o debate sobre os combustíveis fósseis, que segue sendo um desafio nas negociações multilaterais das últimas COPs. A carta ainda destaca a necessidade de fortalecer os mecanismos de apoio às populações afetadas pelas mudanças climáticas, sobretudo em relação às perdas e danos, propondo avanços na articulação entre o Comitê de Varsóvia, a Rede de Santiago e o recém-criado Fundo de Resposta.
Desdobramentos e desafios
A COP30 pretende marcar o início de uma nova etapa na governança climática, privilegiando ações locais com impactos mensuráveis e de longo prazo. A adaptação às mudanças climáticas será foco prioritário, com destaque para os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e o Objetivo Global de Adaptação (GGA), que o Brasil defende que sejam apresentados por todos os países antes da conferência. A proposta da “Transição Justa” também ganha relevância, buscando alinhar as políticas climáticas às realidades socioeconômicas, promovendo inclusão social e redução da pobreza.
“Para Corrêa do Lago, o sucesso da agenda climática depende diretamente da capacidade de gerar transformações tangíveis e equitativas.”
— André Corrêa do Lago, presidente da COP30
A expectativa é que a reunião em Belém reúna líderes mundiais, cientistas, representantes da sociedade civil e povos tradicionais para definir os rumos da política climática global em uma década decisiva para o futuro planetário.
Fonte: (CNN Brasil – Política)