
Brasília — InkDesign News — O PDT se reúne nesta terça-feira (20), às 14h, na sede do partido em Brasília, em um encontro que marca o retorno do ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi ao comando nacional da sigla. Na pauta, estão a definição da postura do partido diante do governo Lula e o debate sobre a crise do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além dos rumos para as eleições de 2026.
Contexto político
O retorno de Carlos Lupi ocorre após sua saída do Ministério da Previdência, no dia 2 de maio, em meio ao escândalo de descontos indevidos em benefícios do INSS. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram, no fim de abril, a Operação Sem Desconto, que revelou um esquema bilionário de cobranças irregulares, estimadas em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, podendo atingir quase R$ 8 bilhões desde 2016. Conforme apurado, Lupi foi criticado por omissão e indicou Alessandro Stefanutto, exonerado no dia da operação, para a presidência do INSS.
Desde a demissão de Lupi, o PDT deixou a base governista na Câmara dos Deputados, ainda que senadores do partido continuem alinhados com o Planalto. Internamente, o partido discute uma postura independente, evitando a adesão plena à oposição, com críticas sobre o tratamento recebido do Executivo, que teria priorizado outras forças políticas do Centrão em detrimento da sigla.
Reações e debates
“Desde o início do mandato, faltou um ‘carinho’ de Lula com o PDT que, historicamente, sempre esteve ao lado das gestões petistas.”
— Membro da cúpula do PDT
“O Executivo federal trata o PDT como aliado automático, por causa da proximidade ideológica, e por isso valoriza mais outros partidos do Centrão.”
— Integrante da sigla
Nos debates políticos, a sigla também avalia seu posicionamento para as eleições de 2026. O nome do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, permanece o mais forte para uma possível candidatura à Presidência, embora ele ainda não tenha definida sua decisão. Caso a eleição se mantenha polarizada entre Lula e Jair Bolsonaro, o PDT deve priorizar a eleição legislativa para evitar o risco de não superar a cláusula de barreira.
Alternativamente, uma disputa com candidatura fora da polarização atual permitiria maior espaço para o PDT lançar um candidato próprio, cenário que depende de movimentos de nomes como o governador São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, porém, negou intenção de concorrer à Presidência.
Desdobramentos e desafios
O PDT também estuda possibilidades de federação ou fusão com outras legendas, como PV, PSB, Solidariedade e Cidadania, para fortalecer sua bancada e ampliar sua atuação regional. Internamente, discute-se ainda se Ciro Gomes deve tentar o governo do Ceará, o que pode afetar sua influência diante da ascensão petista no Estado, com lideranças como o ministro da Educação Camilo Santana e o governador Elmano de Freitas.
A próxima fase do partido envolve consolidar sua estratégia eleitoral e definir o grau de aproximação ou independência em relação ao governo Lula, especialmente frente aos impactos dos desdobramentos da crise no INSS, que abalaram a governabilidade e confiança política da sigla.
O encontro de terça-feira será decisivo para traçar as diretrizes do PDT nos próximos anos, equilibrando entre recuperar espaço político e responder às demandas internas por autonomia e renovação estratégica.
Fonte: (CNN Brasil – Política)