
Brasília — InkDesign News —
O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, depôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta fase do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele afirmou que a carta assinada por oficiais da ativa representava “sem dúvida” uma tentativa de ruptura institucional, classificando-a como “inaceitável” e “inconcebível” dentro da hierarquia militar.
Contexto político
Após as eleições de 2022, uma carta assinada por oficiais da ativa da Força foi divulgada com pressões para adesão ao que posteriormente foi investigado como um plano de golpe. A Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou que Freire Gomes teria sido pressionado a aderir ao plano. Segundo relatório da Polícia Federal (PF), o ex-comandante do Exército foi “determinante” para evitar a adesão das Forças Armadas a uma ruptura institucional. A investigação envolve ainda comandantes da Aeronáutica e da Marinha, com a última força aderindo ao plano, enquanto as duas anteriores se posicionaram contrariamente. Freire Gomes assumiu o comando do Exército em março de 2022, durante um período de movimentações políticas e militares intensas. A carta que motivou o depoimento resultou no indiciamento de três militares, entre eles um coronel da ativa, por pressão para o golpe.
Reações e debates
Freire Gomes negou ter ameaçado dar voz de prisão ao então presidente Jair Bolsonaro ao ser mencionado um possível golpe para se manter no poder após a derrota eleitoral. O depoimento, conduzido por juízes-auxiliares do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, foi acompanhado pelas defesas e pela Procuradoria-Geral da República. O depoimento destacou a visão dentro das Forças Armadas de que manifestações políticas por militares da ativa são violações aos princípios institucionais. A negativa de apoio de Freire Gomes e Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica, teria levado Bolsonaro a procurar outros militares, como o general Estevam Theóphilo, para viabilizar o plano, segundo os relatórios da PF.
“sem dúvida” uma tentativa de ruptura institucional
— General Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
“inaceitável” e “inconcebível” dentro da hierarquia militar
— General Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
Desdobramentos e desafios
Nas próximas semanas, outras 81 testemunhas serão ouvidas pelo STF, aprofundando a investigação sobre a suposta tentativa de golpe. O processo sinaliza um exame rigoroso das ações militares no contexto pós-eleitoral e um esforço institucional para preservar a ordem constitucional. O acompanhamento judicial tem sido integral, com sessões realizadas por videoconferência e presença de representantes das defesas e do Ministério Público. Esse processo pode consolidar precedentes para a atuação dos militares e reafirmar os limites institucionais das Forças Armadas em situações políticas sensíveis.
O desenvolvimento da investigação e os depoimentos futuros devem influenciar a percepção pública sobre o papel das Forças Armadas em crises políticas e contribuir para debates sobre a firmeza do sistema democrático brasileiro.
Fonte: (CNN Brasil – Política)