
Brasília — InkDesign News — A crescente adoção de ferramentas de inteligência artificial, como chatbots terapêuticos, tem gerado debates sobre sua eficácia e segurança na saúde mental. Especialistas alertam para os riscos de confiança excessiva nessas tecnologias, que podem impactar o bem-estar emocional dos usuários.
Contexto e objetivos
A saúde mental global enfrenta uma crise, com a Organização Mundial da Saúde estimando que 900 milhões de pessoas vivenciam algum transtorno. À medida que a demanda por apoio psicológico cresce, muitos recorrem a chatbots, atraídos pela promessa de companhia e apoio emocional. O levantamento da Harvard Business Review destacou que o aconselhamento terapêutico se tornou um dos principais objetivos para usuários de IA neste ano. Contudo, a falta de regulamentação e a natureza não terapêutica de muitos sistemas geram preocupações.
Metodologia e resultados
Embora os chatbots sejam projetados para simular conversas humanas, eles operam com base em padrões de linguagem, sem raciocínio ou compreensão real. O professor Victor Hugo de Albuquerque, da Universidade Federal do Ceará, ressalta que “esses sistemas são cada vez mais sofisticados e treinados para reconhecer os padrões usados no dia a dia”. A conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Maria Carolina Roseiro, acrescenta a necessidade de uma regulamentação que garanta que as ferramentas sejam desenvolvidas por profissionais habilitados. A falta de responsabilidade legal por parte das tecnologias também é um fator de risco.
“Um profissional da psicologia tem uma responsabilidade legal sobre os seus atos. Mas uma tecnologia não pode ser responsabilizada”
(“A psychologist has a legal responsibility for their actions. But a technology cannot be held accountable.”)— Maria Carolina Roseiro, Conselheira, CFP
Implicações para a saúde pública
A adesão às ferramentas de IA pode ter efeitos positivos, como facilitar o acesso a serviços de saúde mental, especialmente entre populações marginalizadas. Porém, o uso inadequado de chatbots não confiáveis pode aumentar a vulnerabilidade dos indivíduos. O professor Leonardo Martins, da PUC-Rio, observa que “os modelos tendem a dar a resposta que eles concluem que vai agradar ao usuário”, o que pode levar a conselhos prejudiciais. Isso levanta questões sobre como gerar interação terapêutica segura, além de protocolos para garantir a privacidade dos dados coletados.
Assim, a regulamentação e a supervisão profissional são essenciais para que a tecnologia de IA desempenhe um papel positivo no cuidado com a saúde mental, evitando riscos desnecessários aos usuários.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)