
Brasília — InkDesign News —
Uma nova pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz revela que quase 70% das maternidades no Brasil registraram ao menos uma morte materna em 2020 e 2021, destacando a falta de profissionais especializados e a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura de saúde.
Contexto e objetivos
A mortalidade materna é um indicador crítico de saúde pública que reflete a qualidade do atendimento obstétrico. O estudo “Nascer no Brasil 2” visa analisar as condições de partos e nascimentos em maternidades brasileiras, focando na presença de equipes completas, infraestrutura adequada e taxas de mortalidade. As partes interessadas incluem gestantes e suas famílias, profissionais de saúde e autoridades públicas.
Metodologia e resultados
A pesquisa utilizou uma amostra representativa de 391 hospitais, refletindo as cerca de 4 mil unidades de saúde que realizam partos no país. O estudo revelou que apenas 54% das maternidades com registros de óbitos tinham equipes completas com obstetras, anestesistas e enfermeiras obstétricas disponíveis 24 horas. A situação é ainda mais crítica em unidades de pequeno porte; apenas um em cada quatro hospitais que realizam menos de mil partos por ano tinha equipe completa. Apesar da maioria das unidades possuírem 90% dos equipamentos necessários, quase 40% das maternidades que registraram óbitos não contavam com UTIs materna e neonatal. “Ou seja, nós temos um tremendo déficit de profissionais qualificados nas maternidades para atender as mulheres que têm parto nesse país”, alerta a coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal.
Implicações para a saúde pública
Os dados levantados indicam que melhorar a infraestrutura e garantir o atendimento especializado pode reduzir as taxas de mortalidade materna. Além disso, a professora da Universidade de São Paulo, Rossana Pulcinelli, destacou que “a distância [até o hospital] agrava a situação das mulheres, mas não é indo para uma maternidade pequena dessas que ela vai se salvar.” O acesso desigual a serviços de saúde, especialmente para mulheres negras, acentua ainda mais as disparidades nas taxas de mortalidade. A nova estratégia da Rede Alyne, proposta pelo Ministério da Saúde, busca enfrentar essas iniquidades através da expansão e qualificação dos serviços de saúde. Há também planos para incluir novos medicamentos no pré-natal, como o cálcio e o ácido acetilsalicílico, visando reduzir complicações que podem levar a mortes maternas.
A pesquisa enfatiza a necessidade de criar polos regionais com atendimento qualificado e equipes capacitadas para melhorar a assistência às mulheres durante a gestação e o parto. As expectativas para as políticas de saúde pública incluem investimentos em infraestrutura e uma abordagem integrada que leve em conta as diferentes realidades regionais.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)